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Ronda de solidariedade com os povos de Portugal, Grécia e Espanha

10 de maio, 2012

Promovida pela maior organização sindical de professores da Alemanha (GEW) e pela central sindical alemã DGB, realizou-se de 17 a 19 de Abril, em três cidades alemãs (Frankfurt, Colónia e Dortmund), uma ronda de solidariedade com os povos de Portugal, Grécia e Espanha. Esta iniciativa teve como lema “Por uma Europa Social, contra a política de demolição neoliberal e a regressão em direitos laborais”. Em cada uma destas cidades teve lugar uma conferência de imprensa e um debate público, em que participaram, a convite das organizações promotoras, representantes das maiores organizações sindicais de professores de Portugal (FENPROF), de Espanha (FECCOO) e da Grécia (OLME).

Esta iniciativa procurou dar a conhecer à opinião pública alemã a situação que se vive nestes três países do Sul da Europa, onde as políticas de austeridade têm levado ao agravamento da recessão económica, do desemprego e da precariedade, das desigualdades e da pobreza, pondo em causa as próprias bases da democracia.

Não sendo possível, no espaço deste apontamento, desenvolver o conteúdo das intervenções que aí tiveram lugar, destacam-se, como preocupações maiores:

  • A escalada do desemprego e da pobreza. Em Espanha o desemprego estrutural atingia em 2011 (dados do Eurostat) 23,6% da população activa e 50,5% dos jovens entre os 15 e os 24 anos. No final de 2011, havia 1.575.000 famílias com todos os membros desempregados – tendência que se acentuou no primeiro trimestre de 2012, atingindo neste momento cerca de 1.700.000 famílias. Na Grécia, as estatísticas oficiais de desemprego dobraram de 9% em 2009 para 18.4% em 2011. Entre os jovens atinge já 45%. Os cortes salariais e o aumento de impostos reduziram brutalmente o poder de compra e a qualidade de vida, havendo cada vez mais registos de alunos com fome;

  • O ataque ao Estado Social e à educação pública. Em Espanha, os cortes recentemente anunciados na educação – 3.000.000.000 de euros a menos em 2012 – representam uma redução de 22% relativamente a 2011 e significam 100.000 professores a menos. Na Grécia, os sucessivos cortes na educação baixaram a percentagem de investimento do PIB nesta área, em 2011, para 2.9%, estimando-se que chegue a 2.4% em 2015! Num universo de cerca de 160.000 professores, entre 2010 e 2011 aposentaram-se 17.500 e foram apenas admitidos 3400.

De resto, prevê-se que em 2015 haja menos 150.000 funcionários públicos. Funcionários públicos que, por força de sucessivos cortes, já viram reduzidos os seus salários até 55%.

O salário dos professores gregos, que era 50% do salário médio na zona Euro, foi reduzido para metade no espaço de dois anos. E nem o salário mínimo escapou a um corte de 22%!

Dos debates realizados, resultou clara a ideia de que a austeridade está a agravar as desigualdades e as injustiças, sendo a resposta à crise um pretexto para implementar na íntegra a agenda neoliberal. Concluiu-se ser urgente uma resposta sindical à escala europeia contra a ofensiva anti-social que está em marcha, e que tem atingido fortemente a Educação, para além da Saúde e da Segurança Social, sectores-chave do designado Estado Social. Com uma acção comum e coordenada a nível europeu, será possível exercer maior pressão sobre os governos nacionais e sobre as instâncias europeias, de forma a encontrar uma resposta para os problemas e desafios que a Europa actualmente enfrenta.

Sublinhando a importância da solidariedade internacional neste contexto, Ulrich Thöne, presidente da GEW e também vice-presidente do Comité Sindical Europeu de Educação (CSEE), manifestou a sua oposição ao Tratado Orçamental Europeu e o apoio aos Dias Europeus de Acção que o movimento Blockupy Frankfurt irá promover nesta cidade, junto às instalações do Banco Central Europeu, entre os dias 17 e 19 de Maio. Estão previstas as seguintes iniciativas: 17.05 – Ocupação das praças, reuniões, eventos e cultura; 18.05 – Bloqueio do BCE e do Centro Bancário; 19.05 – Manifestação internacional.

MANUELA MENDONÇA
(membro do SN da FENPROF)