Lisboa assistiu esta terça-feira à maior manifestação de sempre do setor da Ciência em Portugal. Milhares de bolseiros, investigadores, mas também docentes e outros trabalhadores científicos, desfilaram esta tarde desde a Reitoria da Universidade de Lisboa até ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior contra a precariedade na Ciência.
Exigem a revogação do estatuto de bolseiro, contratos de trabalho, melhores condições de vida e de trabalho, a incorporação na carreira de investigação, um reforço do financiamento do Ensino Superior e da Ciência e a revisão do RJIES, entre outras reivindicações.
Questionado pelos jornalistas, o Secretário-geral da FENPROF declarou que, mais do que necessário, era urgente que os investigadores viessem para a rua porque esta situação já se arrasta há demasiado tempo sem soluções e está a atingir níveis insuportáveis.
A manifestação promovida no Dia Nacional do Cientista pela Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), a Federação Nacional dos Professores (FENPROF), a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), em conjunto com os Investigadores da FCUL, a LUPA - LAQV & UCIBIO Postdoctoral Association, a ITQB Post Doctoral Association, o Núcleo de Investigadores do Instituto Superior Técnico (NInTec), o Núcleo de Bolseir@s, Investigador@s e Gestor@s de Ciência da NOVA FCSH, o Núcleo de Investigadores do ISCTE e a Rede de Investigadores Contra a Precariedade Científica, recebeu o apoio de várias outras estruturas representativas do setor, como o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), a Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis, a Organização dos Trabalhadores Científicos (OTC), o Comité de Pós-docs do Instituto Gulbenkian de Ciência, a Universidade Comum e o Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (STARQ).
Este conjunto alargado de entidades promotoras e apoiantes demonstra a transversalidade das reivindicações destes trabalhadores e a urgência na resolução dos problemas identificados e justifica a enorme participação dos trabalhadores científicos na iniciativa.
No MCTES, uma delegação das estruturas promotoras do protesto foi recebida pela assessoria de imprensa a quem entregaram um documento com as suas principais reivindicações, como explicou Bárbara Carvalho, presidente da ABIC.
Considerando que "Ciência de elevada qualidade a baixo custo, sem oferecer um horizonte de esperança é um fracasso nacional", André Carmo, dirigente do Departamento do Ensino Superior e Investigação da FENPROF, lembrou que há alternativas a esta situação. Haja vontade política para resolver problemas e acabar com a precariedade na Ciência.