O Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu a avaliação externa das universidades e centros de investigação portugueses, para apurar o que leva tantos alunos a não completarem os cursos.
Para o Presidente da República, é necessário apurar o que é que as universidades andam a fazer, porque é que há tantas reprovações e porque é que muitos estudantes abandonam os cursos, questões que devem ser respondidas através de uma avaliação externa.
"A concorrência pressupõe também avaliação", disse, reconhecendo que "o Ipatimup é uma ilha" no panorama da investigação científica portuguesa, pelo que não teme ser avaliado.
A intervenção de Jorge Sampaio surgiu depois de o director do Ipatimup, Sobrinho Simões, ter elogiado o ministro da Ciência, Mariano Gago, por ter introduzido em Portugal a avaliação externa e a prestação de contas.
Sobrinho Simões enalteceu o trabalho dos 120 investigadores do Ipatimup, nomeadamente os 80 a 90 artigos científicos que publicam anualmente, bem como os quatro a seis doutoramentos que a instituição confere por ano.
O director do instituto salientou, porém, que estes resultados são possíveis com apenas um terço do orçamento proveniente de financiamento público, correspondendo outro terço a receitas próprias e o restante a apoio de mecenato de 18 empresas.
Sobrinho Simões criticou ainda o ex-primeiro-ministro Cavaco Silva por ter retirado o dinheiro reservado às instalações hoje inauguradas para construir o Europarque, em Santa Maria da Feira.
Mariano Gago reconheceu a "dificuldade" que Portugal tem em "segurar" os seus investigadores, elogiando o Ipatimup pela "invejável rede social de apoio" que conseguiu criar em Portugal.
"O Ipatimup abriu caminho para que muitas pessoas aceitassem a ciência ainda que não sabendo para o que ela serve. O conhecimento de qualidade serve sempre para muito mais do que se julga", sublinhou.
Lusa, 9/05/2005