Actualidade
Jorge Sampaio e Mário Soares surpreendidos ("Público", 18/02/2005)

Aumento das propinas afasta 600 alunos da Universidade do Minho

29 de março, 2005

 

 

Por causa do aumento das propinas a Universidade do Minho (UM) perdeu seis centenas de estudantes. "O efeito do aumento das propinas foi significativo, verificando-se uma redução no número de alunos inscritos, na ordem dos 600", garantiu Guimarães Rodrigues, o reitor da universidade minhota na cerimónia comemorativa do 31.º aniversário da instituição.

Os números parecem ter apanhado de surpresa tanto o Presidente da República, Jorge Sampaio, como Mário Soares, o anterior Presidente. Na cerimónia em que Joaquim Chissano recebeu o doutoramento "honoris causa" da UM em Ciência Política e Relações Internacionais (apadrinhado por Mário Soares), o reitor da Universidade do Minho apresentou as contas da instituição que dirige e garante haver a "percepção de que a taxa de abandonos cresceu face ao aumento do valor das propinas". Guimarães Rodrigues diz mesmo que o aumento do valor a pagar pelos estudantes funciona como uma "'discriminação negativa' sobre instituições localizadas em regiões onde se verificam condições económicas e sociais mais desfavorecidas", numa clara alusão à crise que se vive, de uma forma particularmente acentuada, no Vale do Ave.

O aumento foi aprovado por decisão do Senado em 2003 e visou fornecer as receitas indispensáveis para assegurar a manutenção do funcionamento da escola. No passado ano lectivo, as propinas eram de 640 euros e, este ano, passaram a ser de 740 euros. Valores que, ainda segundo o reitor, levaram a que alguns estudantes, para evitar pagar as propinas, decidissem fazer as cadeiras que ainda lhes faltavam para acabar os respectivos cursos.

Contudo, de uma forma geral, o aumento do valor provocou muitos danos na UM, mas terá sido a única forma encontrada pela reitoria para colmatar o "insuficiente investimento" estatal. "Em 2004 repetiu-se na Universidade o insuficiente investimento no ensino superior, por via de um orçamento de Estado que não contemplou nem a inflação nem os encargos correspondentes à progressão na carreira de docentes e funcionários", referiu Guimarães Rodrigues. Em vez de aumentar, em 2004, o Orçamento de Estado, sofreu ainda uma "redução de cerca de dois por cento relativamente a 2003", finalizou o reitor da UM.

Público, 18/02/2005