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10 milhões a menos no ministério dos Negócios Estrangeiros

Mais desemprego no ensino português no estrangeiro

12 de julho, 2014

O desinvestimento na educação do Governo português leva a cortes nos orçamentos dos ministérios. 10 milhões a menos no Ministério dos Negócios Estrangeiros leva Instituto Camões a cessação de comissões de serviço e consequentes despedimentos. 

No contexto de uma reunião solicitada pelo SPE/Fenprof era algo que o Sindicato dos Professores no Estrangeiro temia desde novembro de 2013. Após uma intervenção do SPE junto da Senhora Presidente do CICL ficou acordado que uma medida idêntica à tomada em novembro de 2012, que mandou para o desemprego 49 professores, não seria tomada, mas que os sacrifícios seriam muitos e o adiamento teria de ser regularizado na reformulação da rede para o ano 2014/2015.

E ela chegou. Chegou no momento em que os professores se preparavam para gozar as suas merecidas férias de verão. Chegou quando já não era possível ultrapassar o facto de faltarem 10 milhões de euros no orçamento do CICL.

Foram extintos 37 horários que ficaram vagos pelas mais diversas razões e foram cessadas onze comissões de serviço. Para uns será o regresso aos locais de origem, mas para outros, mais grave, o lançamento no desemprego. Por pais, o Luxemburgo foi o mais sacrificado perdendo cinco professores; a Alemanha com dois: o Reino Unido com um...

Mais do que uma listagem das baixas é o lado humano e o desgaste provocado nos profissionais de ensino no EPE.

Continuamos a focar-nos na falta de uma verdadeira politica de divulgação da língua e cultura portuguesas. Os portugueses na diáspora cada vez se sentem mais isolados deste país que tanto lhes deve, mas que pouco faz para os valorizar. É mais um corte substancial nos laços que deviam unir os imigrantes e lusodescendentes a Portugal. A lógica economicista deste governo tudo trucida sacrificando os mais legítimos anseios dos trabalhadores da educação e dos corajosos encarregados de educação que estoicamente resistem às sistemáticas investidas contra este sistema especial de educação que, tudo leva a crer terá os dias contados a breve trecho.

Para os cerca de 45 mil alunos que ainda estão no universo do EPE é mais um ano que se iniciará com os professores sobreviventes após esta depuração. Mas não saberão se estes os acompanharão até ao final do seu percurso escolar e, considerando os diversos níveis de proficiência, não podemos afirmar que atingirão o final.

Os professores serão sempre o elo mais fraco e, tal como em Portugal, também no estrangeiro a precariedade é o fantasma que todos os dias acompanha o professor, como uma sombra sinistra que lhe acena a porta de saída para o desemprego e para um futuro de incertezas.

O Ensino Português no Estrangeiro está mal, muito mal. Vamos aguardar e apelar para o espírito de sacrifício e abnegação dos professores a trabalhar por esses países no sentido de não se deixarem vencer pelo desespero e procurarem dar uma resposta positiva a quem procura por todos os meios fragilizá-los com medidas dissuasoras que lançam o desânimo nos já poucos resistentes.

O Sindicato dos Professores no Estrangeiro tudo tem feito e fará para preservar os professores restantes no EPE, no sentido de manter até ao limite das suas forças, a presença destes profissionais dedicados, no ativo e com a mesma determinação para ensinar a língua e a cultura portuguesas.

 

Lisboa, 12 de julho de 2014.

A Comissão Executiva do SPE/FENPROF