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Professores portugueses em Timor: o medo instalado e o silêncio das autoridades timorenses e portuguesas

16 de março, 2020

Os professores portugueses colocados em Timor, na Escola Portuguesa de Díli, bem como os colocados no projeto de cooperação CAFE fizeram chegar à FENPROF e ao SPE informação da situação vivida pelos mesmos, nos diversos locais onde se encontram a trabalhar. Existe uma falta de comunicação que relate a situação vivida no país por parte das autoridades timorenses no que diz respeito ao nível de propagação do COVID-19, pelo que os docentes receiam as consequências da manifesta falta de meios para combater a pandemia mal esta se manifeste.

Mais informam que há uma carência de medicamentos, materiais relacionados com o combate ao vírus e recursos humanos qualificados, ao mesmo tempo que alertam para a entrada e saída do país, sem controlo, de chineses e outras nacionalidades, na região e no resto do país.

Mais recentemente, foram vítimas de fortes cheias que destruíram instalações onde funcionavam os cursos de português, não tendo poupado também as instalações da escola portuguesa de Díli, tendo estes professores sido convocados para participar nos trabalhos de reconstrução das mesmas.

Numa altura em que é iminente o encerramento fronteiriço com a Indonésia, em que na Austrália a pandemia alastra, os professores em Timor sentem-se “abandonados” pelas autoridades locais e portuguesas.

No sentido de encontrarem apoio, contactaram a FENPROF e o SPE para que os ajudassem a alertar as autoridades portuguesas na procura de ajuda.

O Sindicato dos Professores no Estrangeiro contactou de imediato a Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas e o Ministro dos Negócios Estrangeiros para alertar as entidades para a situação vivida por estes professores.

A Secretária de Estado das Comunidades contactou há poucos minutos o SPE, informando que em articulação com o Ministério da Educação, que tutela a escola portuguesa de Díli, bem como um setor da área da cooperação, estavam a envidar esforços no sentido de encontrar soluções no imediato, de forma a encontrar soluções para a situação relatada. Mais informou que já tinha entrado em contacto com o Embaixador de Portugal em Díli para que o mesmo se inteirasse junto dos docentes das situações relatadas e quais as soluções que poderiam ser encontradas. O Embaixador de Portugal informou a governante que desencadearia, de imediato, os procedimentos necessários para tal.

Dada a diferença horária existente entre Lisboa e Díli, de nove horas, as diligências terão início na manhã da próxima terça-feira, dia 17 de março.

O SPE não pode deixar de, na oportunidade, saudar a forma rápida e diligente da reação da Secretária de Estado das Comunidades, que, com manifesto empenho e preocupação, se comprometeu a encontrar soluções para a situação vivida.

Não podemos, contudo, ignorar a forma displicente e autoritária como o diretor da EPD , ignorando os perigos que os docentes correm, adota comportamentos que não se coadunam com as funções que desempenha. Para uma gestão de recursos humanos é necessário verificar-se uma condição: ser-se humano e sensível às situações de risco.

O Sindicato dos Professores no Estrangeiro manter-se-á em contacto permanente com a SECP no sentido de colaborar na resolução deste problema.

A Comissão Executiva do SPE/FENROF

Luxemburgo, 16 de março de 2020