JF Online julho 2023
Editorial

Terminou o ano letivo; a luta continua!

29 de junho, 2023

Foi um ano exigente para os professores, os educadores e os investigadores que exercem atividade no nosso país. Sem descurarem a atividade profissional, foram protagonistas das maiores manifestações de sempre (11 de fevereiro e 16 de maio) e de muitas outras ações, desde concentrações junto às escolas, manifestações e greves distritais, nacionais e aos mais variados serviços docentes, algumas apenas esvaziadas não pela desistência ou cansaço, mas pela imposição de serviços mínimos ilegais.

A luta, apesar de muito forte, não permitiu obter os principais objetivos reivindicativos, mas a verdade é que sem ela teríamos hoje uma situação ainda mais negativa, bastando lembrar intenções que foram manifestadas pelos titulares das pastas da Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Ainda que, com a luta, se tivessem evitado estragos maiores, o que mais a move é a obtenção de ganhos. No caso da Ciência, o mais imediato será a eliminação do vergonhoso nível de precariedade que atinge os 75%; no que se refere à docência, em todos os níveis e graus de ensino, para além de questões específicas, temos por resolver graves problemas de carreira, de precariedade, de condições de trabalho, incluindo o arrastamento de abusos e ilegalidades nos horários de trabalho, de envelhecimento, tudo isto provocando uma real desvalorização da profissão que é causa maior da crescente falta de professores nas escolas.

A luta dos professores não se esgota na resolução dos problemas dos profissionais. Resolvidos estes, ter-se-ão solucionado muitos dos que afetam um sistema científico e tecnológico que não pode continuar a assentar em pés de barro, bem como os que afetam uma Escola Pública que está obrigada, e bem, a dar respostas de qualidade a todos, no quadro de uma educação que se exige inclusiva. Respostas que não se avaliam através dos espúrios rankings que os responsáveis do ME continuam a alimentar.

É por isso que a luta dos professores e dos investigadores tem merecido uma significativa solidariedade social, sendo também essa a razão por que, tendo o ano letivo terminado, a luta vai continuar.

Mário Nogueira
Secretário-geral da FENPROF