
Protesto dos docentes de ensino artístico junto ao MEC revelou total disponibilidade para a mobilização e a luta
No passado dia 14, entre as 11 e as 13 horas, a Av. 5 de outubro, em Lisboa, foi palco do protesto, numa "tribuna livre", dos docentes das escolas de ensino artístico especializado e dos conservatórios públicos. A luta destes docentes já vem de longe e passa, em primeiro lugar, por exigir a realização de um concurso extraordinário que lhes garanta estabilidade de emprego e acesso à carreira docente, como sublinharam a intervenção do Secretário Geral da FENPROF, Mário Nogueira, e os testemunhos de vários docentes. 'Acordai' e 'Grândola Vila Morena' ouviram-se durante a concentração junto ao MEC, momento saliente de uma luta que vai continuar. / JPO

Escolas especializadas de ensino artístico: MEC bloqueia concurso...
...deixa professores no desemprego e prejudica abertura do ano letivo, em clima de grande instabilidade
As escolas especializadas de ensino artístico (Conservatórios, Escolas Artísticas Soares dos Reis, no Porto e António Arroio, em Lisboa), estiveram até agora impedidas de iniciar o processo concursal de recrutamento para os docentes das áreas artísticas indispensáveis para o normal arranque do ano letivo. Esta grave situação foi divulgada à opinião pública por iniciativa da FENPROF nesta quarta-feira, 4 de setembro, na Escola Artística António Arroio, em Lisboa, num concorrido encontro com a imprensa (foto de P.Machado) que juntou professores das escolas envolvidas (Lisboa, Porto e Coimbra), membros dos órgãos de gestão e dirigentes sindicais, incluindo Mário Nogueira, Secretário Geral da FENPROF. "As escolas precisam destes professores!", foi a mensagem em destaque nos depoimentos recolhidos pelas equipas de reportagem./ JPO
Vídeo: depoimento de Manuel Pires da Rocha, Diretor do Conservatório de Coimbra
Saudação aos professores pelos resultados positivos que a sua luta tornou possíveis!
Os professores portugueses desenvolveram um dos seus mais fortes processos de luta e fizeram-no de forma irrepreensível. A grande determinação que esteve presente ao longo de 18 dias, nos quais realizaram greve às avaliações (inviabilizando mais de 95% das reuniões previstas), participaram numa enorme Manifestação Nacional e realizaram uma das maiores e mais significativas greves nacionais, foi essencial para a obtenção dos compromissos que o MEC foi obrigado a assumir na ata de conclusão das negociações.

Investimento na Secundária Artística Soares dos Reis não contempla professores
Professores de Técnicas Especiais são "esquecidos" pelo Ministério da Educação. Na sua maioria, continuam a viver uma situação de grande instabilidade profissional, não lhes sendo dada a possibilidade de uma carreira profissional, para além do facto de terem visto reduzidos de forma substancial os seus vencimentos. Há casos em que a redução no vencimento foi, desde o ano lectivo de 2007/2008, de cerca de 50%. Um dos professores que viu reduzido o seu vencimento conta neste momento com 18 anos de serviço prestado nesta escola, revela o SPN em nota de imprensa.

Política do ME condena, a prazo, o ensino artístico especializado em Portugal
O actual modelo de financiamento fomenta o aumento da precariedade e do desemprego e limita o acesso dos cidadãos a este tipo de ensino.

FENPROF exige suspensão da reforma do ensino artístico

Posição da FENPROF sobre a reforma do ensino artístico e especializado
Seis escolas do ensino especializado da Música e uma da Dança (todas no litoral e a norte do Tejo) constituem, hoje, a totalidade da rede de ensino público nestes domínios. Já o número de escolas do ensino particular e cooperativo no sector ascende a oitenta e sete. Tal facto bastaria para revelar a (falta de) atenção que sucessivos (e alternantes) governos têm prestado ao ensino especializado das Artes no nosso país, num contexto em que a crescente procura deste tipo de ensino - por motivações as mais diversas - não encontra resposta pública adequada. Entre muitos constrangimentos, as escolas do ensino artístico especializado debatem-se, desde sempre, com os obstáculos resultantes da publicação descuidada de legislação casuística e desarticulada, instalações precárias, inexistência de planos de formação, ausência de mecanismos de recrutamento e ingresso em quadros, situações a que urge pôr termo.