A solução é continuar a lutar. As "contas certas" nos salários são para materializar!
No âmbito da Administração Pública, os professores e investigadores de sindicatos da FENPROF estão representados na Frente Comum (FC). Nunca é demais assinalar!
A participação nesta organização é importantíssima, quer no que diz respeito à ligação e relação com os outros setores da Administração Pública, permitindo um conhecimento mútuo e mais aprofundado das diferentes realidades, quer no que diz respeito à representação, em mesa negocial com a tutela (há áreas em que só aqui se exerce esse direito), das várias matérias comuns, quer ainda na necessária luta conjunta!
Apontam-se como exemplos:
- O processo, ainda que com grandes defeitos (PREVPAP), que retirou da precariedade um número com algum significado de docentes do ensino superior e investigadores, entre outros;
- A luta que se tem travado para não deixar privatizar e para reforçar e defender a ADSE ao serviço dos trabalhadores, retirando espaço à gula dos grandes grupos e interesses privados na área da saúde;
- A exigência de revogação do SIADAP, sistema que é responsável pela introdução de quotas na avaliação do desempenho, que mais não é do que um mecanismo de controle das progressões dos salários e nas carreiras, não cumprindo, efetivamente, o papel de medição do mérito, como o governo diz que concretiza através deste instrumento.
Estes exemplos ilustram a importância de participação neste espaço destinado à Administração Pública e muitos outros se poderiam apontar.
Ficou para o fim a esfera mais visível das lutas no seio da FC – os aumentos dos salários e pensões – que deveriam ter uma periodicidade anual, mas cuja obrigação, o governo, falhou vários anos seguidos desde 2009!
Só em 2022, em média, os trabalhadores da Administração Pública perderam um mês de salário, a que se junta a perda de outros dois, engolidos pela inflação desde 2009. Feitas as contas, o governo, com a conivência da UGT, propõe-se manter os trabalhadores a empobrecer.
Isto é, perante um alarmante agravamento do custo de vida, assistindo-se ao aumento de preços dos bens essenciais, da habitação, dos combustíveis, o governo, argumentando que não tem dinheiro, acresce migalhas às atualizações em vigor, em 2023, em 1% nos salários e em 0,80€ o subsídio de refeição, enquanto isenta de pagamentos os lucros extraordinários e colossais de algumas empresas e grupos económicos e recusa fixar preços de bens essenciais!
Isto é, na distribuição da riqueza produzida no país, ficam os tostões para quem trabalha e vão os milhões para o grande poder económico! E, ainda assim, estas parcas atualizações só foram conseguidas pela força da luta realizada no dia 17 de março, a greve organizada pela Frente Comum!
Atente-se nos seguintes dados:
Crescimento do PIB 2022 | +6,7% |
Receita Fiscal 2022 | +12,4% |
Excedente Orçamental 2022 | +2013 milhões de € |
Lucros da GALP | 1104 milhões de € (+84%) |
Cinco maiores bancos | 2583 milhões de € (+71%) |
EDP | 679 milhões de € (+3%) |
Jerónimo Martins (Pingo Doce) | 590 milhões de € (+27.5%) |
Grupo Sonae (Continente) | 342 milhões de € (+28%) |
Há dinheiro, não há é vontade de fazer uma distribuição justa da riqueza do país e, assim, fica no lucro deles o nosso empobrecimento! Não pode ser!
A Frente Comum continuará a exigir a concretização das propostas que apresentou e continuará a organizar a luta para defender os interesses dos trabalhadores – valorizar os salários em 10% com mínimo de 100€, exigir a revogação do SIADAP e exigir o reforço dos Serviços Públicos, garante de igualdade de oportunidades, nomeadamente na área da Saúde e da Educação!
Compete-nos dar corpo a essa luta! Compete-nos defender os nossos interesses!
A luta continua por uma vida digna para todos os trabalhadores da Administração Pública.
Dulce Pinheiro
Secretariado Nacional da FENPROF