José Janela[i]
Ciclicamente assiste-se em Portugal a “incêndios florestais”. Grande parte desses incêndios ocorre em monoculturas de árvores que são plantadas sem ter em atenção os problemas ambientais que provocam.
Há mais de 40 anos que o botânico Jorge Paiva alerta que se estava a transformar o nosso país, particularmente as regiões Norte e Centro, numa pira contínua de lenha altamente inflamável, isto é, eucaliptal (rico em produtos aromáticos voláteis e altamente incandescentes) e pinhal (que contém resina, volátil e altamente incandescente) intensivos, contínuos e contíguos. Mostrou essa paisagem, de helicóptero, a um Presidente da República (Mário Soares). «Não valeu de nada», afirmou depois o professor Jorge Paiva, pois «enquanto não se tomarem medidas efetivas, vamos continuar a ter “piroverões” (pyra = fogueira) e mortes, por termos uma ignisilva (igneus = fogo; silva = floresta) contínua e contígua».
O que pode ser feito na escola?
Desde cedo as crianças e os jovens devem conhecer as espécies que fazem parte da nossa flora nativa ou autóctone. Destaco o sobreiro, considerada uma “espécie bombeira” por trava o avanço das chamas. Devido à sua importância económica, social e ecológica (tem potencial para poder ocupar a maior parte de Portugal continental) é mesmo considerada a “Árvore Nacional de Portugal”, pela Resolução da Assembleia da República n.º 15/2012, de 10 de Fevereiro.
O Referencial de Educação Ambiental para a Sustentabilidade, documento orientador para a Cidadania e Desenvolvimento, aponta como objetivo para todos os anos níveis de ensino: «Participar em campanhas de sensibilização para a conservação da Biodiversidade.» Nesse sentido a Quercus lança, no âmbito do projeto Green Cork Escolas (de recolha e reciclagem de rolhas de cortiça usadas), o desafio de «Plantar uma árvore na semana do Dia da Floresta Autóctone». O Dia da Floresta Autóctone celebra-se a 23 de Novembro para promover e divulgar a importância das florestas naturais da Península Ibérica. Esta data insere-se na época em que Portugal regista as condições climatéricas adequadas à sementeira ou plantação de árvores, pois o outono e o inverno apresentam mais precipitação. Deverão ser plantadas na escola, ou nas suas imediações, árvores ou outras plantas, da floresta autóctone da região, na semana de 18 a 22 de Novembro. Mais informações podem ser consultadas no site do projeto da Quercus em www.greencork.org.
[i] Docente em mobilidade na Quercus para a coordenação de projetos de Educação Ambiental