Começo com uma calorosa e fraterna saudação!
Uma saudação muito especial pra todos os que continuam a desempenhar tarefas no movimento sindical unitário e que, apesar da idade, continuam a luta por uma sociedade mais justa, aquela que sonhamos em Abril de 74.
São passados 51 anos sobre essa gloriosa data, mas o “Dever de Memória” permanece.
Como alguém já disse e escreveu, evocar os GEPDES é um "Dever de Memória" da Escola Pública e do Sistema de Ensino que nasceu com o 25 de Abril. Não é possível pensar o movimento sindical dos professores, e em particular a FENPROF, sem o olhar como sendo herdeiro dos GEPDES”, inicialmente designados como Grupos de Estudo dos Professores Eventuais e Provisórios.
Foi um grupo de professores nessa situação, na altura eram cerca de 80 % dos professores portugueses, que para além da instabilidade em que viviam e do facto de só receberem 9 meses por ano, os levou a realizar uma reunião na Escola Preparatória Francisco Arruda, no dia 27 de Maio de 1970, aqui em Lisboa e a criar o que a partir do dia 24 de Novembro de 1971 se passou a designar por “Grupos de Estudo do Pessoa Docente do Ensino Secundário – GEPDES, embrião do que viriam a ser os sindicatos dos professores e que tiveram a sua última reunião nacional no dia 28 de Abril de 2074, na Figueira da Foz, três dias após o 25 de Abril
É, pois, longa a história do sindicalismo docente. Chegados aqui, cabe perguntar, tal como John Dewey:
-“Qual seria hoje a condição dos trabalhadores e das trabalhadoras, se não houvesse sindicatos?”… “Basta colocarmos a questão para saber que estaríamos a contemplar uma grande tragédia”
De então para cá, muitas foram as conquistas alcançadas, conquistas que constituem um legado agora posto em causa e, como tal, em perigo.
Legado constituído por direitos conquistados e alicerçados em dezenas de greves e de muitas, muitas lutas.
É um legado que nos responsabiliza e obriga, a nós reformados e aposentados, a um compromisso com as novas gerações.
Mas quero lembrar que não podemos exigir aos sindicatos o que eles não podem dar, nem os sindicatos podem servir para corrigir as opções de voto que elegem os governantes…
O tempo que vivemos, é um tempo carregado de incertezas. No plano internacional a guerra é uma realidade que, ao contrário do que se possa pensar, nos afecta directamente e que assume contornos preocupantes, absorvendo cada vez mais e mais recursos que poderiam servir para melhorar as condições de vida de todos nós.
Já se fala em investir na industria da guerra uma parcela das nossas pensões…
O desenvolvimento da ciência, ao contrário do que seria desejável, tem sido um meio para acentuar a exploração e a dependência dos povos.
Quando não se criam minimamente respostas às aspirações dos trabalhadores… criam-se as condições para o surgimento dos populismos e do fascismo. É assim pelo mundo fora e por cá, neste nosso país que queremos continue a ser de Abril!
No plano interno, foram as opções de sucessivos governos, que trouxeram os problemas estruturais com que o país e os trabalhadores estão confrontados.
Os problemas foram-se acumulando e hoje, muitos dos direitos alcançados com luta e muitos sacrifícios, estão postos em causa.
Nós, os reformados e aposentados, temos um importante papel a desempenhar.
Foi também com a nossa luta que muitos desses direitos foram conquistados, não podemos permitir que se venham a perder em nome dos “novos tempos”.
Nós aposentados e reformados somos uma força a ter em conta, a nossa experiência e saber não podem ser desperdiçados, sem deixar de referir que somos mais de 2,5 milhões de portugueses com mais de 65 anos e todos com direito a voto.
Podemos influenciar de modo determinante o futuro do país.
Mas, para dar a resposta necessária, precisamos de estar organizados… Somos cada vez mais… Somos, como disse, uma força a ter em conta! Temos consciência do nosso contributo para os alicerces do chamado “estado social”, não podemos deixar que os direitos alcançados se percam.
É pela acção organizada que podemos dar o nosso melhor contributo para defesa dos direitos alcançados e ajudar à construção de um País que queremos desenvolvido e soberano. A FENPROF pode contar connosco… mas lembro que cabe a cada um sindicatos criar os meios e as condições para que a nossa participação que deve ir mais além, muito mais além do que tem sido até aqui, produza resultados…
VIVA O MOVIMENTO SINDICAL DOCENTE
VIVA O 15.º CONGRESSO DOS PROFESSORES PORTUGUESES
VIVA A FENPROF