Urbano Tavares Rodrigues não era apenas um escritor que todos recordamos por livros como Uma Pedrada no Charco, Nus e Suplicantes, Bastardos do Sol, Supremo Interdito ou Eterno Efémero… Urbano Tavares Rodrigues – o Escritor, o Professor e o Homem – faz parte do imaginário de uma juventude de Abril que despertou ainda na ditadura e ajudou a derrubar barreiras que pareciam eternas nos desafiantes anos 70, que tiveram em 74 e 75 os melhores anos de sempre.
Urbano é exemplo de coragem e luta, tão mais importantes quanto, nos tempos que vivemos, a resignação parece ter tomado conta de muitos que deveriam ter fortes obrigações democráticas.
Não foi por acaso que a FENPROF decidiu atribuir, este ano, o nome de Urbano Tavares Rodrigues ao Prémio Literário que, em 2013, irá distinguir obra de prosa em português e de autor português (publicada integralmente e em primeira edição em 2012), sendo necessário que esse autor seja professor. A opção por Urbano Tavares Rodrigues não se deveu apenas à qualidade da escrita do autor, ou ao facto de ser Professor, mas a muitas outras qualidades do Homem.
Urbano foi preso pelos fascistas que então governavam e impedido de lecionar em Portugal, sendo obrigado a emigrar. Porém, Urbano Tavares Rodrigues voltou, tendo sido Professor Catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa enquanto os fascistas que então destruíam a Nação acabaram despejados no caixote do lixo da história. É sempre assim quando a razão está do lado dos que lutam e não se resignam.
Urbano Tavares Rodrigues é um daqueles Grandes Portugueses de quem não nos despedimos porque estarão sempre a dar-nos força para continuarmos a luta contra os opressores de agora. Mas a Urbano é devido o agradecimento pela lição de vida, pela insubmissão e pelas maravilhosas palavras com que de nós se despedirá no seu próximo livro. "Daqui me vou despedindo, pouco a pouco, lutando com a minha angústia e vencendo-a, dizendo um maravilhado adeus à água fresca do mar e dos rios onde nadei, ao perfume das flores e das crianças, e à beleza das mulheres. Um cravo vermelho e a bandeira do meu Partido hão-de acompanhar-me e tudo será luz".
Até Sempre!
Mário Nogueira