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Três conclusões a propósito da greve de mais de três meses dos guionistas de cinema e televisão de Hollywood

11 de fevereiro, 2008

Terminou a histórica greve dos guionistas de cinema e televisão de Hollywood, decretada em 5 de Novembro (por tempo indeterminado), após o fracasso das negociações entre o sindicato do sector (Writers Guild of America) e a AMPTP (Associação de Produtores de Cinema e Televisão).

Nestes meses de luta e de protesto, que mereceram o "apoio total" de diferentes organizações, entre as quais a Federação Internacional de Jornalistas (F.I.J.), vários "talk-shows" como "The Daily Show", de Jon Stewart, o "Tonight show", de Jay Leno, ou "Late Show", de David Letterman, foram afectados, o mesmo sucedendo a conhecidas séries de TV como "24", ou "Perdidos". Também a série "Donas de Casa Desesperadas" foi obrigada a suspender as filmagens?Isto para citar apenas alguns exemplos das consequências.

"Este acordo não é perfeito e não é o que nós merecemos tendo em conta as horas sem conta de trabalho e sacrifício, mas a greve foi um sucesso", disse a Writers Guild of America (associação de guionistas) num comunicado emitido no dia 10 de Fevereiro.

Os pormenores ainda vão ser discutidos entre guionistas e estúdios, mas parece ser o início do fim da greve que levou ao cancelamento de cerimónias históricas de televisão e a tempos difíceis para várias séries e produções, como salientam as agências internacionais.

Los Angeles e Nova Iorque são os palcos de mais conversações detalhadas, com o objectivo de pôr fim aos três meses de greve que causou um rombo na produção televisiva e cinematográfica, incluindo o cancelamento de cerimónias históricas como os "Globos de Ouro".

Cerca de 10 500 guionistas entraram em greve em Novembro passado, recorde-se, como forma de protesto pelos rendimentos auferidos face aos lucros milionários com a venda das produções para internet, telemóvel e DVD.
"O acordo cria fórmulas de rendimento na área dos novos media e acesso a informação financeira sobre contratos que podem ajudar a avaliar essas mesmas fórmulas. O princípio é que "quando eles são pagos, nós somos pagos", diz o comunicado divulgado pela Writers Guild of America

Independentemente de outros pormenores, que entretanto irão chegando pelos canais habituais de informação, este episódio vivido nos EUA deixa várias lições. Três delas - ninguém de bom senso poderá negar - são tão imponentes como a Estátua da Liberdade:

  1. Vale sempre a pena lutar;
  2. A luta nunca é fácil e por vezes é demorada;
  3. Ao contrário da "mensagem" veiculada pelos governantes, pelo patronato mais ortodoxo, pelos escribas ao serviço do poder e pelos opinion makers que vão dominando cá pela nossa terra, a verdade é que a luta não está fora de moda. E é com a luta e com o protesto que vamos remando contra a maré e defendendo alguns direitos, como o XI Congresso da CGTP-IN (15 e 16 de Fevereiro, Lisboa) vai, certamente, confirmar. / JPO