Nacional
Nota da Direcção do SPRC divulgada aos jornalistas e notícia da "Lusa"

SPRC vai pedir suspensão de despacho sobre docentes destacados por doença

14 de maio, 2006

O Sindicato dos Professores da Região Centro vai avançar ainda esta semana com uma acção administrativa para suspender a eficácia do despacho do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, que obriga os docentes dispensados de dar aulas e destacados por doença a regressar às escolas de origem.

"Se até quarta-feira a situação não for resolvida avançamos com a acção para permitir que os professores se possam manter nas escolas", garantiu hoje Mário Nogueira, coordenador do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), em conferência de imprensa em Coimbra.

Mário Nogueira apelou aos docentes afectados pelo despacho para passarem procurações aos advogados da organização sindical.

O Sindicato pediu uma audiência para quarta-feira à Direcção Regional de Educação do Centro (DREC).

Um "número indeterminado de professores e educadores destacados até 31 de Agosto de 2006, que pode ascender às centenas, recebeu cartas impondo o seu regresso imediato às escolas de origem", lê-se num texto distribuído na sessão.

"Estes professores e educadores que, devido a doença, se encontram dispensados da componente lectiva nos termos da lei em vigor, requereram às respectivas direcções regionais de educação a deslocação de escola de forma a poderem continuar a trabalhar", sublinhou o sindicato.

"Impedidos de viajar ou forçados a tratamentos apenas possíveis em algumas localidades, foi-lhes autorizado o destacamento para outra escola, considerados que foram os requerimentos e verificadas as suas condições de saúde".

A organização sindical manifesta solidariedade para com os responsáveis da DREC, louvando a sua "sensibilidade perante os graves problemas dos professores" e considerando que o Ministério da Educação (ME) os "desautoriza com este despacho".

Na conferência de imprensa, na sede do SPRC, compareceram ou estiveram representadas algumas professoras e educadoras nesta situação, para expor os seus casos.

"Há pessoas deslocadas em Coimbra para fazer tratamentos oncológicos, não estamos a falar de gripes nem de pés torcidos. Muitas não têm condições para viver sozinhas", protestou, por seu turno, Mário Nogueira, ao manifestar a sua indignação com o que considera a intenção do ME de "chutar as pessoas do sistema, porque são incómodas".

Lusa, 24/04/2006


Nota da Direcção do SPRC
ALGUMAS COLEGAS ACEITARAM DAR A CARA CONTRA A FORMA INDIGNA COMO FORAM TRATADAS PELO M.E. E POR CENTENAS DE COLEGAS QUE ESTÃO NA SUA SITUAÇÃO

Estes professores e educadores, que devido a doença se encontram com dispensa da componente lectiva nos termos da lei em vigor, requereram às respectivas Direcções Regionais de Educação a deslocação de escola de forma a poderem continuar a trabalhar. Impedidos de viajar ou forçados a tratamentos apenas possíveis em algumas localidades, foi-lhes autorizado o destacamento para outra escola, considerados que foram os requerimentos e verificadas as suas condições de saúde.

Por razões que se desconhecem, o Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, aprovou um despacho interno, datado de 4 de Abril de 2006, através do qual impõe o regresso imediato destes professores e educadores à escola de origem. Na sequência desse despacho, as direcções regionais de educação tiveram de enviar cartas aos professores e educadores informando-os da cessação do destacamento e da obrigação de regressarem imediatamente às escolas a cujo quadro pertencem.

Este despacho interno de 4/4/2006 não foi tornado público pelo M. E., contudo, tem sido alegado, nomeadamente pela Ministra da Educação, serem ilegais estes destacamentos. A lei não os prevê, é certo, mas também não os proíbe e é perante esta omissão que é prática de anos o destacamento para situações mais graves, tanto mais que os professores em questão estão impedidos de se apresentar a concurso.

Mas, independentemente do aspecto legal, relevam, mais uma vez, do procedimento do secretário de estado, uma profunda insensibilidade, um enorme desrespeito e uma significativa indiferença.

Insensibilidade perante os problemas concretos dos professores e educadores, bem como das escolas e dos alunos que, repentinamente, se vêem privados de apoios extremamente importantes e, nesta altura do ano lectivo, insubstituíveis.
Desrespeito pelos professores e pelas escolas, além, também, de revelar falta de bom senso. A ser tomada alguma medida deveria ter efeitos apenas a partir de 1 de Setembro próximo e nunca a meio do ano escolar. Frustram-se, assim, expectativas, nega-se apoio a pessoas extremamente fragilizadas e promovem-se factores de instabilidade na estrutura organizacional das escolas.

Indiferença face à situação destes professores/as e educadores/as, de acordo, aliás, com atitudes anteriores e quase contínuas que vêm revelando um profundo desprezo por profissionais que sempre deram provas de empenhamento e dedicação ao ensino e à educação.

O SPRC exige do Ministério da Educação:

1. A suspensão imediata do despacho de 4/4/2006 do Secretário de Estado da Educação;

2. O regresso imediato dos professores e educadores às escolas em que, por despacho da DREC, se encontram destacados até 31/8/2006;

3. A abertura de um processo negocial, conforme já exigiu a FENPROF, que permita a aprovação de um quadro legal que regulamente, para o futuro, esta forma de mobilidade para docentes nesta situação;

4. Um pedido público de desculpas do Secretário de Estado da Educação aos professores e educadores.

Perante esta situação, o SPRC decide:

1. Manifestar solidariedade para com os responsáveis da Direcção Regional de Educação do Centro, que o ME desautoriza com este despacho, por terem revelado sensibilidade perante os graves problemas dos professores;

2. Avançar com uma acção administrativa para suspensão da eficácia do acto, no sentido de suspender este despacho do secretário de estado. Esta acção avançará ainda esta semana e o seu efeito, depois do Tribunal citar o ME, será o mesmo da providência cautelar;

3. Solicitar com carácter de urgência, audiência à Direcção Regional de Educação do Centro, para a próxima 4ª feira, dia 26 de Abril, pelas 10.00 horas.

Esta atitude do ME, perpetrada por este Secretário de Estado, confirma a incapacidade e incompetência da actual equipa ministerial para lidar com os problemas dos professores e educadores e para responder satisfatoriamente às solicitações e exigências da Educação em Portugal. Aqui não houve comportamento diferente do habitual: o ME foi igual a si mesmo!

Coimbra, 24 de Abril de 2006
A Direcção