Os serviços de inspecção do Estado não podem ser governamentalizados, alertou José Calçada, presidente do Sindicato dos Inspectores do Ensino e da Educação (SIEE), no debate de Aveiro.
"Alguns pretendem que professores, inspetores e pessoal não docente estejam em posições opostas. Não! Estamos do mesmo lado", sublinhou.
O sindicalista chamou a atenção para as consequências da erosão dos serviços de inspecção na escola pública. "Hoje há menos de metade dos inspectores de há 25 anos, com tendência para reduzir", revelou.
José Calçada referiu ainda que a inspeção tem de ser preventiva e não repressiva, profilática e não terapêutica. "Temos que trabalhar com as escolas e não contra eles. Trabalhar com os professores e não contra eles", realçou.
Este trabalho, observou José Calçada, tem de ser sistemático, progressivo e aprofundado. "Não é de classificação". E aí a inspeção pode ter um papel de colaboração, de ajuda à escola.
"Não é possível continuar a pedir à Escola o que a Escola não pode dar", destacou noutro momento da sua intervenção, interrogando, a propósito: "Se há acidentes a mais, quem resolve? Se as crianças estão a ficar obesas, quem resolve? Portugal tem a maior percentagem de gravidez antes dos 18 anos. Quem resolve? A Escola, a Escola, a Escola. isto é apenas uma forma de desresponsabilização social e das famílias."
È preciso perceber que quem acusa a escola tem um objetivo: enterrar a escola! - concluiu. / LL com JPO