Nacional
Lusa, 22/06/2006

Sindicatos não concordam com contratação de professores por escolas problemáticas

28 de junho, 2006

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) considerou  "um erro" que as escolas problemáticas sejam autorizadas a contratar professores directamente e defendeu que estes estabelecimentos de ensino deveriam ter equipas especializadas a trabalhar com o corpo docente. O Sindicato dos Professores da Grande Lisboa também considera a ideia "incorrecta".

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse em entrevista publicada na revista "Visão" que quer dar às escolas localizadas em meios sociais problemáticos e com problemas de indisciplina a possibilidade de recrutarem directamente professores, escolhendo-os em função do seu perfil profissional.

Augusto Pascoal, da Fenprof, explicou que as escolas localizadas em meios sociais problemáticos deveriam ter uma equipa especializada com assistentes sociais e psicólogos que pudessem trabalhar com o corpo docente e conselhos directivos.

Augusto Pascoal disse à Lusa que a "contratação de mais professores para tentar resolver o que os que lá estão não conseguiram é um desperdício de meios humanos e financeiros".

"O problema aqui não é o número de professores, mas sim de qualificação para resolver situações problemáticas", salientou o dirigente sindical, acrescentando que os "professores são técnicos de educação com formação científica e pedagógica".

Na entrevista à "Visão", a responsável teceu críticas à Fenprof, afirmando que esta federação tem sido parte do problema e que "tem uma agenda que não é a da Educação".

Augusto Pascoal respondeu que "não há nenhuma associação que tenha uma agenda para a educação como a Fenprof".

Também o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa considerou hoje "incorrecta" a possibilidade de as escolas localizadas em meios sociais problemáticos e com problemas de indisciplina poderem recrutar directamente os professores.

"Essa medida é incorrecta. O que se podia era utilizar o quadro de zona pedagógica e fazer a afectação dos professores às escolas através das suas características", disse Óscar Soares, daquele sindicato. Óscar Soares defende que o quadro de zona pedagógica poderia ser uma solução para esse problema porque "permite direccionar mais os professores para as escolas com essas características".

O sindicalista considerou ainda que dar autonomia às escolas para recrutarem os docentes é uma "solução de remendo que vai ao arrepio de toda a estrutura existente". "A certa altura, o mecanismo passa a ser uma manta de retalhos. Há que identificar os problemas e procurar soluções", defendeu.

Lusa, 22/06/2006