Todas as notícias

Sindicatos da CGTP e da UGT discutem greve conjunta na função pública

08 de novembro, 2007

 As posições extremaram-se. O Governo assegurou (7/11/2007) que não vai além dos 2,1 por cento de aumento que propôs para a função pública em meados de Outubro e os sindicatos da CGTP e da UGT começaram já a discutir a possível realização de acções conjuntas que podem passar pela greve.

Uma greve convocada por todos os sindicatos é uma possibilidade, mas ainda é "prematuro" falar nesse cenário, que está dependente de um encontro que a Frente Comum, da CGTP, a Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), ambos da UGT, deverão ter (8/11/2007), disseram ao PÚBLICO dirigentes das organizações.

Os líderes sindicais das três organizações mantiveram ontem contactos telefónicos e, à hora do fecho desta edição, procuravam acertar o momento do encontro. A aproximação sindical foi acelerada pela irredutibilidade do Governo, que fechou a porta a aumentos superiores aos 2,1 por cento, claramente abaixo dos 5,8 reclamados pela Frente Comum ou mesmo dos 3,5 pedidos pelo STE. O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que (7/11/2007) falava aos jornalistas à margem do debate parlamentar sobre o Orçamento de Estado para 2008, afirmou, segundo a Lusa, não estar disponível para "jogos de aparente negociação".

"Gosto de ser claro e transparente" e é por isso que o Governo "oferece aquilo que as condições financeiras do país permitem", acrescentou, no mesmo dia em que se realizou mais uma ronda de contactos entre o secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, e as organizações sindicais.

As reacções não se fizeram esperar. "Finalmente o Governo tira a máscara e assume que não vai fazer negociação com os sindicatos", disse Ana Avoila, dirigente da Frente Comum, organização que já anunciara uma greve para a segunda quinzena de Novembro e ontem promoveu um plenário de dirigentes e activistas frente ao Ministério das Finanças.

Para Bettencourt Picanço, do STE, a declaração do ministro "é um procedimento característico deste Governo, que chama negociação a uma posição que mantém ao fim de quatro reuniões". Nobre dos Santos, da FESAP, disse, à saída da reunião, que os sindicalistas estão furiosos e não são patetas. Nas declarações ao PÚBLICO, criticou o executivo por ter apresentado "no princípio um número e chegar ao fim com o mesmo número" e considerou que os trabalhadores "estão, mais uma vez, claramente penalizados".

Quando apresentou a proposta de aumento de 2,1 por cento, Teixeira dos Santos qualificou aquele valor "um passo em frente" face aos dois anos anteriores, quando as actualizações de 1,5 por cento "nem sequer correspondiam à inflação esperada". Os 2,1 por cento correspondem à inflação prevista pelo Governo para o próximo ano, uma estimativa que o ministro considera que "não é irrealista" face à evolução recente e à previsão de 2,3 por cento de inflação para o corrente ano.

www.publico.pt
8/11/2007