Nacional
FENPROF responsabiliza o MEC

Quase meio milhão de alunos ainda não tem professor ou, nos casos de pluridocência, não tem os professores todos

22 de setembro, 2014

Muitos milhares de alunos continuam, um pouco por todo o país, sem aulas ou, no mínimo, sem professores que assegurem a lecionação de todas as disciplinas. É uma das consequências mais graves do atraso no lançamento dos concursos e da forma incompetente como o MEC os realizou.

A FENPROF recorda que, ao contrário do que tem sido afirmado pelos governantes, os professores ainda a colocar não são tão poucos como pretendem fazer crer, abrangendo docentes contratados e dos quadros. A FENPROF estima que, no total, estarão ainda por colocar cerca de 5.000 docentes (contratados, por BCE ou reserva de recrutamento; docentes com horário-zero; docentes a destacar por condições específicas, designadamente doença). Se, em média, cada docente tiver 100 alunos, calculando-se esse valor tendo em conta as situações de monodocência e pluridocência, cerca de meio milhão ainda não terá todos os seus professores.

Nas escolas, os problemas mantêm-se, persistindo as dificuldades do MEC para lhes dar resposta:

- estão por corrigir as listas de colocação através de BCE;

- não estão resolvidos os erros cometidos na fase de contratação inicial e de colocação de docentes com horário-zero;

- subsistem as dificuldades em substituir docentes destacados ou em situação de doença;

- verifica-se uma clara resistência à colocação do número adequado de docentes de Educação Especial;

- as escolas do ensino artístico especializado ainda não têm a situação do seu corpo docente regularizada, o que, em muitas delas, significa a falta de mais de metade dos seus professores.

Grande parte destas dificuldades resulta de um regime de concursos que foi imposto pelo MEC e que mereceu um profundo desacordo da FENPROF no processo que o MEC designou de “negocial”. Ao longo dele, a FENPROF alertou para muitos dos problemas que acabaram por surgir e apresentou alternativas capazes de os evitarem.

Entre outras propostas, a FENPROF defendeu a aprovação de critérios que permitissem às escolas abrir as vagas efetivamente necessárias ao seu pleno funcionamento, a aplicação adequada da diretiva comunitária sobre vinculação, a redução das áreas geográficas dos quadros de zona pedagógica, a utilização da graduação profissional para a ordenação de candidatos em todas as fases de concurso e o recurso, para todas as situações, ao concurso nacional.

A FENPROF responsabiliza o MEC por toda a perturbação provocada neste início do ano letivo, em particular no que concerne à colocação de professores, e exige a mais rápida resolução dos problemas surgidos. Tivessem os governantes postura democrática e atitude negocial, tivesse o MEC ouvido a FENPROF, quer na fase de negociação, quer após a saída das listas dos concursos, e muitas das situações ainda vividas por escolas, alunos e docentes teriam sido evitadas.

O Secretariado Nacional da FENPROF
21/09/2014