Nacional
Lusa, 28/06/2008

Protestos de norte a sul do País: Cerca de 30 mil na baixa lisboeta contra Código do Trabalho

29 de junho, 2008

Cerca de 30 mil pessoas levaram (28/06) para a rua em Lisboa rua a indignação contra o Código do Trabalho, do Largo Camões até ao Rossio, gritando palavras de ordem pela manutenção dos direitos laborais e contra o Governo.

Nem os mais de 30 graus de temperatura levaram os manifestantes descontentes com o Código de Trabalho recentemente aprovado a ficar em casa.

Hasteando bandeiras bem alto, segurando cartazes ou simplesmente gritando palavras de ordem, cerca de 30 mil pessoas manifestaram na rua a indignação contra o Governo e contra a nova legislação laboral que, bradaram, lhes retira direitos conquistados.

"Quanto maior for o desastre das políticas seguidas, mais exigências de mobilização dos portugueses se vão colocar", afirmou Carvalho da Silva, o secretário-geral da intersindical CGTP, que convocou a manifestação.

"A situação vai estando cada vez pior, portanto é preciso não nos deixarmos ir abaixo, não perder a esperança, porque o futuro melhor é possível", acrescentou enquanto seguia na linha da frente do protesto que hoje percorreu a baixa lisboeta.

Sobre as acusações feitas à CGTP pelo secretário-geral da UGT, João Proença, que afirmou que à intersindical de Carvalho da Silva interessava a "contestação pela contestação" e que tinha estado presente na concertação social fazendo "um simulacro de negociações", o secretário-geral da CGTP disse apenas "não comento charlatices".

"Estamos a fazer um apelo, leiam aquilo que está a ser proposto, analisem, e é isso que interessa aos portugueses. Agora comentários a charlatices não vale a pena", afirmou.

Margarida Mendes, enfermeira em situação laboral precária, juntou-se aos protestos por si e por todos os jovens que se encontram na mesma situação.

"Sou uma jovem trabalhadora, continuo precária, sem perspectivas até quando. Muitos jovens continuam desempregados, com salários que não correspondem às responsabilidades que têm. O custo de vida aumenta desproporcionalmente aos salários", queixou-se a jovem enfermeira.

José Oliveira, representante de um dos sindicatos dos CTT, justificou a presença na acção de protesto com um simples, "somos trabalhadores", mas acrescentou que também nos correios a situação não é diferente da do resto dos trabalhadores.

"Nos CTT a situação não é muito diferente do que se passa no resto do país e que é deitar abaixo aquilo que foi conquistado pelos trabalhadores. Tentam retirar aos trabalhadores os direitos mais elementares, nomeadamente o direito a serem cidadãos, o direito a estarem com a família, todos os direitos", declarou.

A manifestação terminou no Rossio, com um discurso do secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, ouvido de perto pelo líder dos comunistas portugueses, Jerónimo de Sousa, que ali se deslocou para manifestar a solidariedade do seu partido com os "objectivos e razões" defendidos pela intersindical e contra o Código de Trabalho que apelidou de "retrocesso social tremendo". / Lusa, 28/06/2008