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Maria Teresa Duarte Soares SPE (Suíça)

Português no Estrangeiro ? séria ameaça de extinção

23 de março, 2004

            Se for feita a vontade do actual Governo, os cursos de Língua e Cultura Portuguesa para as crianças e jovens portugueses residentes no estrangeiro deixarão de existir a partir de Agosto de 2006, quando termina a colocação dos actuais professores destacados.

            Qualquer dos actuais responsáveis ? ou irresponsáveis ? por este futuro acontecimento rebateria imediatamente esta afirmação com um indignado ? ?não, de modo nenhum!?.

            ?As aulas passarão para o plano associativo ou privado? ? isto quer dizer que serão os encarregados de educação a pagá-las.

            ?O Português será incluído como disciplina de língua nos currículos dos países de acolhimento? ? tal afirmação é meramente utópica, visto que o sistema escolar da maior parte dos países da Europa exige apenas uma língua estrangeira e só alguém com total ignorância do mundo actual poderá pensar que os alunos escolham o português. De qualquer modo, seria o Português como Língua Estrangeira, não Língua e Cultura Portuguesa. Só deliberadamente se podem ignorar tais diferenças.

            ?Apostar-se-á mais nos sistemas de colaboração com as entidades locais? ? por estranho que pareça, existia um óptimo sistema deste tipo em 4 estados da Alemanha, em que as entidades escolares locais pagavam quase dois terços dos vencimentos dos professores portugueses, sendo a diferença reposta pelo ME.

            Porém, a partir do concurso de 1998/99, recusou-se o referido ME a continuar a pagar a ínfima diferença, sendo a única justificação para tal, dada pela Ex.ma Sra. Dra. Ana Benavente, então Secretária de Estado da Educação ?que o ME não podia suportar tal despesa? ? em média, cerca de 600 Euros mensais por professor.

            E assim se acabou o ensino de Língua e Cultura Portuguesa em 4 estados da Alemanha, visto que a maior parte dos professores em exercício se viu obrigada, nesse ano e nos seguintes, a deixar os seus postos de trabalho. Centenas de alunos ficaram sem aulas.

            ?O ensino do Português no estrangeiro é demasiado caro? repetem, como se de um credo absoluto se tratasse, a maior parte dos políticos envolvidos no processo. Tão frequentemente se ouvem estas lamentações de carácter monetário que já não se sabe se se fala de um sistema de ensino ou de uma mercearia.

            A máxima principal parece ser ?outros virão, que este ensino farão e o pagarão ? nós é que não!?.

            Pois estais enganados, senhores Ministros, Senhores Secretários de Estado, Senhores Deputados ? é a vós, é ao Governo que compete financiar este ensino. Assim o diz a Constituição, e mais importante, assim o diz a voz de milhares de portugueses no estrangeiro, quando, preocupados com o futuro dos seus filhos, perguntam: ?Porque é que não nos mandam mais professores de Portugal??.