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"Jornal de Notícias", 27/11/2003

Portugal em último lugar no nível de escolaridade

22 de setembro, 2004

Só 20% da população tem secundário completo. Média desta escolarização na UE é de 65% e antigos países do Leste quase chegam aos 90% . 

Um atraso abissal e com um ritmo de recuperação quase nulo: este é o retrato expresso por números da Comissão Europeia relativamente ao nível de educação do povo português. Estamos em último lugar na percentagem da população entre os 25 e 64 anos que tenha completado pelo menos o Ensino Secundário: 20% apenas. A Espanha, o país mais próximo nesta escala, sobe logo para os 40%. E os antigos países de Leste que vão juntar-se à UE apresentam taxas superiores à média dos Quinze.  

Foram agora divulgados pela Comissão Europeia os números-chave referentes à Ciência, Tecnologia e Inovação, destinados a avaliar e projectar políticas nestes sectores, definidos pela UE como fulcrais para o desenvolvimento da sua economia. Eles dão conta de um investimento maior da Europa em investigação, na ordem dos 4,5% entre 1997 e 2001. A diferença face aos EUA e Japão esbateu-se, mas ainda não o suficiente para dar a ênfase que aquelas potências atribuem a uma economia baseada no conhecimento, particularmente quanto à disseminação das novas tecnologias.  
 
Grécia, Portugal, Espanha e Itália tiveram, em 2001, um nível de investimento em ciência inferior à média europeia. Mas, enquanto a Grécia e a Espanha melhoraram o esforço de recuperação, a Itália e Portugal registaram declínio face à segunda metade dos anos 90. Durante esse período, o número de investigadores cresceu ao ritmo anual de 6,55%, continuando as universidades a ser o principal empregador. Em 2001 tínhamos 3,51 investigadores por mil habitantes; essa relação na UE é de 5,7%. Nas cifras oficiais, Portugal destaca-se por ter o número mais elevado de mulheres na carreira de investigação.  
 
Checos mais escolarizados e irlandeses na média da UE  
 
Portugal teria de crescer 14,5% por ano na escolarização para chegar, em 2010, à meta traçada pela Estratégia de Lisboa de reduzir para metade o número de pessoas sem Ensino Secundário. Está só a recuperar 0,9%. A este ritmo continua a República Checa, mas com os habitantes mais escolarizados da Europa alargada: quatro vezes mais do que nós. Irlanda e Grécia, nossos antigos parceiros de atrasos estruturais, têm quase a média da UE, três vezes o nosso nível.