Nacional
Abaixo-assinado

Pela Democracia, pela Liberdade - por Abril

01 de agosto, 2007

Um conjunto de cinquenta cidadãos, que intervém em diversas áreas de actividade na sociedade portuguesa, divulgou o texto do Abaixo-assinado Pela Democracia, pela Liberdade,por Abril, que aqui deixamos:

Com o 25 de Abril, um momento maior da história e da luta do Povo português, conquistámos a liberdade e abrimos as portas para profundas transformações na vida nacional. Ao derrubamento do regime fascista, sucedeu-se o lançamento das bases fundamentais de uma democracia integrando, complementarmente, as vertentes política, económica, social e cultural ? uma democracia amplamente participada e conjugada com uma inequívoca afirmação de defesa da independência e soberania nacionais.

O regime democrático assim moldado foi consagrado na Constituição da República Portuguesa, aprovada em 2 de Abril de 1976 ? sem dúvida um dos textos constitucionais mais avançados e progressistas da Europa.

Sabemos que, de então para cá, com responsabilidades e cumplicidades de diferentes Governos e Presidentes da República, a Constituição, não só não foi cumprida, como ainda foi desfigurada, por sucessivas revisões, em muitos dos seus aspectos fundamentais. E sabemos que, apesar disso, o cumprimento do actual texto Constitucional, continuando a contemplar um inequívoco projecto democrático, constituiu a mais sólida garantia para defender a liberdade e o regime democrático, para projectar a defesa dos interesses dos trabalhadores, do Povo e do país.   

Neste novo século, 33 anos depois do Dia da Liberdade, é tempo de reflectirmos sobre o caminho percorrido desde então e sobre a situação hoje existente.

Se em muitos planos vivemos hoje profundas inquietações na evolução do país, é na democracia social e económica, nas condições objectivas de vida dos trabalhadores e das populações, no desemprego, nos baixos salários, no trabalho precário, nas reformas e pensões de miséria, nas desigualdades sociais, na destruição de serviços públicos e do carácter universal do direito à saúde, ao ensino e à segurança social, que mais se faz sentir a degradação do regime democrático e que o colocam em perigo.

Situações essas que caminham a par e passo, com crescentes limitações aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, em particular dos trabalhadores e activistas sindicais no exercício dos seus direitos constitucionais, entre os quais, o direito à greve.

Direitos, liberdades e garantias dos cidadãos cujo exercício pleno se encontra cada vez mais vigiado e condicionado, quer nas muitas formas de organização e intervenção política e social, quer no acesso à informação, à cultura e à liberdade de expressão.

Regressões também no sistema político com a subversão do princípio constitucional da subordinação do poder económico ao poder político e onde, a pretexto de uma chamada ?reforma?, foram aprovadas leis profundamente antidemocráticas ? como é o caso da ?Lei dos Partidos? e da ?Lei do Financiamento dos Partidos e das Campanhas Eleitorais? ? e está em curso um processo de criação de leis eleitorais que distorcem o princípio da proporcionalidade.

Paralelamente, assiste-se a uma poderosa operação de branqueamento da história e da natureza do regime fascista, de ocultação dos seus crimes, de perigosa tolerância por parte das autoridades ao surgimento e intervenção pública de organizações de claro carácter fascista, violando a Constituição da República.

A situação actual e o futuro de Portugal impõem que os democratas, as mulheres, os homens, os jovens, os trabalhadores, os intelectuais, façam ouvir as suas vozes e unam as suas forças em defesa do regime democrático.

É tempo de convocar os órgãos de soberania à assunção das suas responsabilidades no fazer cumprir a Constituição da República.

É tempo de renovar o apelo à intervenção cívica dos portugueses em defesa da liberdade e da democracia.

É tempo de redobrar o alerta e a acção para que cessem os ataques ao conteúdo democrático do regime saído da Revolução de Abril.

Para que Abril, os seus valores e os seus ideais, se afirmem como património vivo no Portugal do nosso tempo.

Para que a expressão 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais ganhe garantia de futuro.

Primeiros 50 subscritores

Abílio Fernandes

Alice Vieira

Álvaro Siza Vieira

António Avelãs Nunes

António Borges Coelho

António Modesto Navarro

Augusto Sobral

Aurélio Santos

Carlos do Carmo

Carlos Humberto Carvalho

Carmen Santos

Fausto Neves

Fernanda Lapa

Gastão Cruz

Guilherme da Fonseca

Hélder Costa

Heloísa Apolónia

Inês Fontinha

Irene Cruz

Isabel Allegro de Magalhães

Jerónimo de Sousa

João Goulão

Joaquim Benite

Jorge Palma

José António Gomes

José Barata Moura

José Casanova

José Ernesto Cartaxo

José Lopes de Almeida

José Luís Borges Coelho

José Morais e Castro

José Saramago

Luís Azevedo

Luís Varatojo

Manuel Carvalho da Silva

Manuel Freire

Manuel Gusmão

Manuel Louzã Henriques

Maria Catarina Baleizão Carmo

Mário Beja Santos

Mário Cláudio

Mário Nogueira

Miguel Urbano Rodrigues

Nuno Grande

Odete Santos

Óscar Lopes

Rita Lelo

Rogério Ribeiro

Urbano Tavares Rodrigues

Virgílio Domingues

Um conjunto de cinquenta cidadãos, que intervém em diversas áreas de actividade na sociedade portuguesa, divulgou o texto "Abaixo-assinado Pela Democracia, pela liberdade - por Abril".

Qualquer esclarecimento complementar poderá ser obtido através de António Modesto Navarro (917818420)
 navarro.modesto@gmail.com em www.liberdade-democracia.org ou geral@liberdade-democracia.org 

Lisboa, 25 de Julho de 2007