O ME acusou os Sindicatos de mentirem descaradamente sobre os números da Greve. Uma vez mais, o ME preferiu enveredar pelo caminho da ofensa e da injúria, em vez de ser rigoroso e verdadeiro nas suas apreciações.
De facto, as organizações sindicais obtiveram os seus dados, ao longo do dia, junto dos órgãos de gestão das escolas, pelo que não são manipuláveis. Aliás, se necessário, as organizações sindicais podem tornar públicos os dados recolhidos, escola a escola, e confrontá-los com os do Ministério da Educação.
Relativamente aos dados recolhidos pelo Ministério da Educação já não há tanta certeza quanto ao seu rigor. Vejamos:
1. O ME divulga dados referentes a 86.516 docentes, ou seja, pouco mais de metade dos que existem no sistema;
2. Estes dados são repartidos da seguinte forma DREN - 40.987, DREC - 8.717, DREL - 23.095, DREA - 7.794, DREAl - 5.923. Ou seja, há uma enorme distorção dos dados, na medida em que o próprio universo está, desde logo, distorcido, pois apresenta uma relação anómala entre regiões.
3. Efectivamente, o ME considera, na sua amostragem, praticamente todos os docentes da área da DREN, enquanto, das restantes regiões do país é considerada apenas uma percentagem menor. Só assim se compreende que uma região com maior número de docentes, como é a área da DREL, surja com cerca de metade dos docentes que são considerados na região norte.
4. Mais, a região que o Ministério da Educação considerou de forma mais relevante foi precisamente a que efectuou o levantamento mais incorrecto. A FENPROF tem em sua posse as grelhas utilizadas nessa região e verificou que a percentagem é feita sobre o universo de docentes que existem nas escolas e não sobre os que, neste primeiro dia de greve, tinham serviço distribuído. Isto naturalmente tem um objectivo: fazer baixar, de forma incorrecta, a adesão global à Greve.
Portanto, se alguém não foi rigoroso no levantamento foi o Ministério da Educação. Se alguém tem dados que distorcem a realidade é o ME. Estas são razões suficientes para que a FENPROF devolva ao Ministério da Educação a acusação de mentir descaradamente.
Mas, mais do que as palavras ou os números dos governantes, o dia de hoje ficou marcado por uma extraordinária Greve dos Professores e Educadores Portugueses, como pôde confirmar cerca de um milhão de famílias cujos filhos não tiveram aulas ou não as tiveram todas.
Pel' O Secretariado Nacional da FENPROF
Paulo Sucena
Secretário-Geral