Nacional
"JF" na Marcha Nacional pela Educação

"Os desafios do Ensino dizem respeito a toda a sociedade"

03 de dezembro, 2004

Além de Paulo Sucena, também Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses ? Intersindical Nacional (CGTP-IN), e Humberto Santos, Presidente da Direcção Nacional da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), se dirigiram aos milhares de participantes na Marcha Nacional pela Educação, concentrados frente à Assembleia da República, após um animado desfile iniciado na Praça do Marquês de Pombal na tarde de 23 de Janeiro.

Subscritoras do Manifesto da Marcha desde a primeira hora, CGTP e APD transmitiram em São Bento não só a sua vincada solidariedade com todos os que lutam por um ensino de qualidade no nosso País, mas também um apelo dirigido à opinião pública para que se associe a esta ?voz? crescente na sociedade portuguesa que exige uma política para a Educação que respeite as normas constitucionais e que, assim, possibilite um futuro melhor para as crianças e jovens do País.

Numerosas organizações, com destaque para as que subscreveram o Manifesto (lista actualizada na contra-capa desta edição), marcaram presença na Marcha, vivida por milhares de pessoas oriundas de diferentes regiões do País: jovens, trabalhadores de variados sectores, educadores e professores, representantes de associações, movimentos cívicos, sindicatos e estruturas estudantis, muitas das quais assinaladas em panos, bandeiras e faixas.

A política do Governo em matéria de financiamento do Ensino foi condenada com firmeza tanto palavras de ordem que se ouviram entre o Marquês de Pombal e a AR, num desfile que surpreendeu a cidade de Lisboa e que foi juntando apoiantes de ?última hora? ao longo da Rua Alexandre Herculano, do Largo do Rato e da Rua de São Bento, como depois nas intervenções de Paulo Sucena, Carvalho da Silva e Humberto Santos, na concentração final.

?Estou aqui porque acredito que o País pode ir para a frente se tiver uma boa política de educação, de formação e de valorização das pessoas. Mais importante do que os estádios de futebol, as auto-estradas e as grandes construções de betão são as pessoas, são os portugueses?, afirmava à reportagem do ?JF? Carlos Almeida, um trabalhador da Administração Pública de Guimarães.

Joana Furtado, docente da Educação Especial na Grande Lisboa, estava na Marcha porque ?temos neste momento um Governo que quer que o País ande para trás?; mas ?nós não vamos deixar, como se vê nesta resposta e como se viu ao longo do dia com a adesão à Greve Nacional da Administração Pública e dos Professores?.

?Veja-se o que isto deu??

Joaquim Amaral, um ?alentejano nascido e criado na zona de Évora?, aposentado, veio à Marcha ?por causa dos netos?, porque é preciso ?lutar pelas crianças e pelos jovens?, por uma Escola ?ligada à vida?, a funcionar ?como dever ser?. ?Os professores fazem o que podem, não tenho dúvidas; mas eles não podem estar sozinhos nesta luta. Os encarregados de educação, as famílias, os eleitos do Poder Local, todos devemos estar atentos. Os desafios e os problemas do Ensino dizem respeito a toda a sociedade. Antigamente não se pensava assim e veja-se o que isto deu: quantos analfabetos é que ainda temos no Alentejo e por essas províncias fora? Quantas pessoas com poucas habilitações andam à procura de emprego??

Pelo que se viu em Lisboa, em 23 de Janeiro, a luta por uma melhor escola e por um ensino da mais alta qualidade para todos e não só para alguns, não vai parar. O futuro assim o exige.

JPO