Nacional
Milhares de alunos sem aulas, milhares de professores sem alunos. FENPROF propõe realização de uma auditoria a todo o processo

O ponto da situação um mês após as colocações da 2ª parte do Concurso

17 de novembro, 2003

Quase um mês após as colocações da segunda parte do concurso, largos milhares de alunos dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e do secundário não têm um ou mais professores, continuando inexplicavelmente sem aulas. Até à data, o Ministério da Educação ainda não reconheceu as ilegalidades e as anomalias que descaracterizaram o concurso e o feriram de morte, demonstrando um autismo próprio de quem não quer assumir politicamente as responsabilidades que lhe cabem nesta matéria, alertava o Secretariado Nacional da FENPROF em finais de Setembro.

Fazendo declarações, no mínimo ridículas, os responsáveis do ME tentam fazer crer ao País que tudo correu bem, que este foi o melhor concurso de sempre e que apenas existem alguns erros de digitação.

Os professores prejudicados, as famílias dos alunos que ainda não têm aulas, onde a situação é particularmente grave ao nível dos alunos com Necessidades Educativas Especiais, a opinião pública e os contribuintes merecem mais respeito e uma explicação inequívoca sobre o que ocorreu e o que se está a passar com este concurso de professores que não cessa de nos surpreender.

Bem pode o Ministério da Educação afirmar que estão colocados 99% dos professores. Os factos contudo demonstram que estão neste momento declarados no site do ME 1016 horários completos e 2012 incompletos.

Fica assim claro o atraso, já denunciado pela FENPROF, em todo este processo ? até porque nos anos anteriores o concurso estava concluído até ao dia 20 de Setembro.

As ilegalidades cometidas, os atropelos e os erros que pairam sobre o concurso terão que ser devidamente esclarecidos para que a verdade seja conhecida, sob pena de pensarmos que não nos estamos a referir ao mesmo assunto nem ao mesmo país. Por outro lado, os portugueses merecem saber, com rigor, quem está a dizer a verdade, num caso que infelizmente se tornou mediático.

Neste sentido, a FENPROF propõe a realização de uma auditoria de todo o processo e a consequente assunção de responsabilidades no plano político, técnico e disciplinar, porque ninguém pode estar acima de lei. Deste modo, garantir-se-á transparência do processo e saber-se-á quem diz a verdade.