Quase um mês após as colocações da segunda parte do concurso, largos milhares de alunos dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e do secundário não têm um ou mais professores, continuando inexplicavelmente sem aulas. Até à data, o Ministério da Educação ainda não reconheceu as ilegalidades e as anomalias que descaracterizaram o concurso e o feriram de morte, demonstrando um autismo próprio de quem não quer assumir politicamente as responsabilidades que lhe cabem nesta matéria, alertava o Secretariado Nacional da FENPROF em finais de Setembro.
Fazendo declarações, no mínimo ridículas, os responsáveis do ME tentam fazer crer ao País que tudo correu bem, que este foi o melhor concurso de sempre e que apenas existem alguns erros de digitação.
Os professores prejudicados, as famílias dos alunos que ainda não têm aulas, onde a situação é particularmente grave ao nível dos alunos com Necessidades Educativas Especiais, a opinião pública e os contribuintes merecem mais respeito e uma explicação inequívoca sobre o que ocorreu e o que se está a passar com este concurso de professores que não cessa de nos surpreender.
Bem pode o Ministério da Educação afirmar que estão colocados 99% dos professores. Os factos contudo demonstram que estão neste momento declarados no site do ME 1016 horários completos e 2012 incompletos.
Fica assim claro o atraso, já denunciado pela FENPROF, em todo este processo ? até porque nos anos anteriores o concurso estava concluído até ao dia 20 de Setembro.
As ilegalidades cometidas, os atropelos e os erros que pairam sobre o concurso terão que ser devidamente esclarecidos para que a verdade seja conhecida, sob pena de pensarmos que não nos estamos a referir ao mesmo assunto nem ao mesmo país. Por outro lado, os portugueses merecem saber, com rigor, quem está a dizer a verdade, num caso que infelizmente se tornou mediático.
Neste sentido, a FENPROF propõe a realização de uma auditoria de todo o processo e a consequente assunção de responsabilidades no plano político, técnico e disciplinar, porque ninguém pode estar acima de lei. Deste modo, garantir-se-á transparência do processo e saber-se-á quem diz a verdade.