A escola do futuro deve ser construída com capacidade de olhar a realidade, resolver problemas, avaliar com rigor e inovação. Deve ser uma escola onde todos aprendam os valores da democracia, da participação, da tolerância e cultivem o gosto pelo trabalho e a capacidade de aprender - sublinha a mensagem do Presidente da República ao 8º Congresso Nacional dos Professores.
Lida na sessão de abertura por Rita Pestana, Presidente do Conselho Nacio-nal da FENPROF, a mensagem do Dr. Jorge Sampaio, depois de referir que "precisamos, hoje mais do que nunca, de professores competentes e empenhados em contribuir para que Portugal ganhe a mais decisiva batalha da nossa democracia: a batalha da educação", observa noutra passagem que "é possível pedir muito aos professores, mas não é possível pedir-lhes tudo" e que "não é justo exigir aos professores mais do que eles podem dar".
Reconhecendo o esforço da comunidade educativa em matéria de democratização do acesso ao ensino, o Presidente da República não deixou, no entanto, de relevar os graves problemas que ainda é urgente ultra-passar, designadamente "as dramá-ticas taxas de abandono da escolaridade obrigatória e a incapacidade de aumentar a frequência do ensino secundário".
Afirmando que não partilha da visão dos professores enquanto culpados pelo deficiente desempenho da escola, Jorge Sampaio fez questão de declarar a importância que a evolução registada no sistema tem nomeadamente "no que diz respeito à população que hoje frequenta as escolas".
"Os problemas da educação em Portugal transcendem as fronteiras do sistema regular de ensino e colocam, de forma cada vez mais incisiva, o desafio da educação ao longo da vida", refere a mensagem, que deixa um apelo:
"Gostaria que os professores portugueses, de todos os graus de ensino, tivessem um papel decisivo nesta matéria, quer na fase de concepção e de imposição do tema na agenda pública, quer na sua concretização no terreno. Sendo uma oportunidade que pode contribuir para a solução do problema, cada vez mais preocupante, do desemprego de professores e diplomados do ensino superior, a consolidação de uma rede institucional de educação ao longo da vida é, também, sem dúvida, elemento-chave a considerar na definição de um projecto capaz de defender o País e, sobretudo, as suas populações mais desfavorecidas relativamente às ameaças e armadilhas da competitividade internacional. Conto com as organizações de professores para a concretização deste projecto".
"Faço um apelo para que não esmoreça, antes se amplie, o esforço de muitos professores portugueses realizado em prol de uma escola para todos onde as mudanças são urgentes", realça ainda a mensagem do PR, que conclui assim:
"É fundamental que não se inviabilizem, precipitadamente, a pretexto de dificuldades financeiras conjunturais, soluções há muito concebidas e testadas com êxito no domínio da construção de uma escola mais inclusiva para os menos favorecidos".