Apesar da chuva, que teimou em acompanhar todo o protesto, milhares de trabalhadores de todos os setores de atividade estiveram presentes na manifestação que a CGTP-IN organizou este sábado, dia 9 de junho, à tarde, na cidade do Porto. A ação decorreu sob o lema "Contra a Exploração e o Empobrecimento; Mudar de Política - Emprego, Salários, Direitos, Serviços Públicos".
No fim do desfile, o Secretário Geral da Central unitária criticou os membros do Governo que “desprezam as condições dramáticas a que hoje estão sujeitas milhões de pessoas". Lamentando que o Governo vá injetar cerca de cinco mil milhões de euros no capital do BCP e do BPI, Arménio Carlos afirmou: “Pedem sacrifícios ao povo para alimentar os desvarios dos banqueiros”.
"É preciso coragem e vontade política de optar pelo futuro da maioria do nosso povo e afrontar os escandalosos privilégios daqueles que tudo querem e tudo abocanham", frisou o Secretário Geral da CGTP.
A Rotunda da Boavista foi o ponto de concentração desta manif. O desfile e terminou junto à Estação de São Bento,contando com a presença de inúmeros sindicatos das regiões Norte e Centro do país, em representação dos distritos do Porto, Aveiro, Braga, Bragança, Leiria, Guarda, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu."O capital prefere aplicar o dinheiro
na especulação"
"Há alternativas! A solução aos problemas do país passa pela dinamização da procura interna com o aumento dos salários e das pensões de reforma, para aumentar o emprego e combater o desemprego; pela promoção do investimento, porque sem investimento não há emprego (o capital prefere aplicar o dinheiro na especulação em detrimento do sector produtivo, por isso encerram empresas, muitas na região norte e centro, por falta de financiamento que nunca falta às grandes empresas e aos negócios especulativos); passa também pela aposta na valorização do nosso setor produtivo, defendendo a produção nacional que temos e o incremento de novas fileiras produtivas, que dêem resposta às necessidades das populações e do país, porque esta é a solução ao problema da dívida e dependência externa. A solução dos problemas do país passa ainda pela valorização dos serviços públicos, com o fim ao estrangulamento financeiro das empresas do SEE", sublinhou Arménio Carlos.
"Para responder a esta ofensiva a luta será determinante. Uma luta que a todos diz respeito, trabalhadores e jovens, com ou sem emprego, com vínculos estáveis ou precários, pensionistas e reformados com prestações de miséria ou roubadas!", registou o dirigente sindical, que afirmaria mais adiante:
- "Sabemos que é difícil, que em jogo está o sistema capitalista e os privilégios de uns poucos que se aproveitam da exploração da força de trabalho, que determinam a subordinação do poder político ao poder económico. Uns que se pretendem intocáveis, que não param de enriquecer, desbaratam a riqueza nacional no jogo especulativo da bolsa e na fuga de capitais para os paraísos fiscais".
- "Sabemos que a campanha ideológica é fortíssima; que é necessário continuar a agir e lutar para criar condições para uma correlação de forças que nos seja mais favorável. Mas esta CGTP-IN, organização construída e consolidada por homens, mulheres e jovens, não vira as costas aos problemas e à luta pela transformação da sociedade e pelo futuro de Portugal!"
- "Vamos unir forças e vontades, exigindo uma efectiva mudança de política, que valorize os trabalhadores, assegure o futuro das jovens gerações, seja solidária com os desempregados e respeite os reformados e pensionistas".
Como destaca a Inter, esta manifestação no Porto e a próxima em Lisboa (sábado, dia 16 de junho, às 15h00, do Marquês de Pombal para os Restauradores) têm como objetivo exprimir todos os protestos, descontentamentos e indignações contra a ofensiva do Governo e do patronato sobre os direitos laborais e sociais dos trabalhadores, contra o trabalho forçado e contra as medidas de austeridade que têm provocado o aumento brutal do desemprego; a diminuição dos salários e das pensões de reforma, com consequências no empobrecimento geral das famílias; a destruição dos serviços públicos e das funções sociais do Estado. / JPO