"A equipa do Ministério da Educação vende gato por lebre aos portugueses. Está agora a preparar uma campanha de propaganda para o próximo ano lectivo, já em clima pré-eleitoral, tentando, através da manipulação de várias realidades, mostrar que a sua política foi positiva, o que não é verdade, como todos sabem. A verdade é que temos à frente do Ministério pessoas que pouco ou nada percebem de educação. Se percebessem, saberiam que a primeira coisa a fazer é respeitar os professores".
São palavras de Mário Nogueira, na conferência de imprensa que assinalou a derradeira etapa do "Trilho da Esperança", em Vila Real de Santo António, ao princípio da tarde de 22 de Agosto. O encontro com os profissionais da comunicação social acabou por decorrer na rua, uma vez que a Direcção Regional de Educação do Algarve não autorizou a sua realização nas instalações da EB 2.3/S D. José I, o que, naturalmente, foi registado no diálogo com os jornalistas, particularmente nas declarações de Mário Nogueira e de António Morais, que condenaram energicamente esta atitude antidemocrática, reveladora da política oficial do ME de desrespeito e desconsideração pelos professores e pelas suas organizações representativas.
Imagem de marca
"O desrespeito pelos professores foi a imagem de marca desta equipa ministerial desde o início da legislatura. E continua a sê-lo, como se confirma hoje, quando esta conferência de imprensa deveria ocorrer numa escola mas estamos a fazê-lo aqui na rua", sublinhou Mário Nogueira, acompanhado do dirigente sindical António Morais, que protagonizou a iniciativa "No Trilho da Esperança", com o apoio dos Sindicatos da FENPROF; de Mário David Soares, presidente do Conselho Nacional da Federação; e de vários dirigentes do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS), incluindo o presidente e o vice-presidente, respectivamente Joaquim Páscoa e Rui Sousa.
Depois de destacar o empenhamento do dirigente sindical António Morais nesta iniciativa de quatro semanas, apoiada desde a primeira hora pela FENPROF, Mário Nogueira chamou a atenção para a resposta que os professores e a FENPROF estão a preparar para o próximo ano lectivo, e nomeadamente para sua fase de arranque. "Vamos cá estar para dizer que muita coisa tem que mudar", observou. "O Estatuto da Carreira Docente, que veio desvalorizar os professores, vai ter que ser revisto e os ataques à Escola Pública portuguesa vão ter de cessar", declarou o secretário-geral da FENPROF.
Resistir
"Há pouco dizia que a actual equipa ministerial não percebe de educação. Mas percebe de política e sabe qual é a sua missão política: destruir serviços públicos, neste caso, no âmbito da educação, destruir a escola pública. E nós, professores, cá estamos para resistir e, se possível, com a nossa intervenção, para valorizar a escola pública e a profissão docente. A importância desta iniciativa, "No Trilho da Esperança", que uniu Melgaço a Vila Real de Santo António, tem esta perspectiva", observou Mário Nogueira. / JPO