O Presidente da República, Jorge Sampaio, apontou hoje a aposta no ensino básico como a prioridade do país, para que todos os portugueses sejam qualificados e não apenas as elites. "Nós não queremos apenas elites qualificadas, queremos portugueses qualificados, porque não são apenas as elites que fazem o país, são os portugueses em geral", salientou Jorge Sampaio, no final de uma visita à Escola Básica Raul Lino, na Ajuda, em Lisboa, para assinalar o seu 9º ano como Presidente da República.
"Hoje, quer o calendário que complete nove anos de mandato e vim aqui para focalizar a questão para mim mais importante que Portugal tem pela frente: qualificar os portugueses, da pré-primária à universidade e pós-graduações, intensamente, com rigor e exigência, mas também com carinho e afectividade", continuou.
Jorge Sampaio escusou-se a fazer um balanço do mandato, argumentando que "os portugueses vão fazer esse balanço", voltando a referir o contacto que tem tido com a população como "o grande estímulo" que teve desde que tomou posse.
Às crianças da Escola Básica Raul Lino, aconselhou que "é preciso estudar" para "chegar ao fim" e pediu-lhes que "sejam o melhor possível durante estes anos aqui nesta escola", afirmando desejar que "todos os estudantes pudessem ter um ensino superior ao seu alcance".
O chefe de Estado considerou que o ensino universitário tem "uma grande capacidade de fazer barulho" enquanto o ensino básico é desvalorizado e tem "um grande silêncio à sua volta". "Aí joga-se o futuro de muita gente", sublinhou Jorge Sampaio, defendendo que a diferenciação entre os alunos não se deveria fazer tão cedo e pedindo o empenho das famílias, professores e autarquias para um ensino mais acompanhado e com maior qualidade.
Numa escola com cerca de 160 alunos onde mais de 80 são de famílias carenciadas e recebem livros e almoço gratuitamente, suportados pela Câmara de Lisboa, o Presidente da República lembrou que "para muitos deles essa é a única refeição como deve ser que têm por dia".
Ladeado pela vereadora de Lisboa Helena Lopes da Costa, do PSD, o chefe de Estado chamou também à atenção para a situação dos professores primários, afirmando que estes devem ter carreiras "com estabilidade como corpo docente nas escolas", para benefício dos alunos.
Sampaio percorreu as várias salas de aula da escola construída em 1916, obra do arquitecto Raul Lino, onde assistiu a uma apresentação sobre o tsunami da Ásia, acedeu a pedidos de autógrafos e recebeu alguns desenhos com a sua cara.
Lusa, 9/03/2005
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