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Felizmente, a democracia acabou com a verdade única...

Informações e esclarecimentos sobre as legítimas dúvidas da FENPROF em relação ao projeto "Key for Schools"

17 de maio, 2014

 O conselho diretivo do IAVE, IP emitiu um comunicado (que foi enviado às escolas para distribuição aos professores) intitulado “esclarecimentos e informações sobre o projeto Key for Schools” em que, a propósito deste projeto, põe em causa algumas informações que foram divulgadas pelo DN e considera ilegítimas as suspeições que têm sido apresentadas pelo Secretário-Geral da FENPROF, como se as explicações dadas pelo IAVE fossem inquestionáveis e tivessem de ser consideradas como a verdade absoluta.

Felizmente, a democracia acabou com a verdade única e passou a permitir que se pudesse questionar tudo aquilo que apresenta dúvidas, recorrendo a entidades que não estão comprometidas com qualquer das partes. Daí a FENPROF, de uma forma completamente legítima, ter decidido recorrer à Procuradoria-geral da República para esclarecer esta questão.

Perde-se em esclarecimentos o conselho diretivo do IAVE – sobre vantagens deste projeto para o sistema, para as famílias, para os alunos, para os professores… esquece-se, porém, de referir as vantagens para a Cambridge English Language Assessment deste projeto que, à escala em que se aplica no nosso país (“a todos os alunos em Portugal”), é a “primeira vez em todo o mundo”. Pelo menos é o que diz o IAVE no seu comunicado.

Para a FENPROF, “uma aposta forte e duradoura na valorização da aprendizagem do Inglês por todos os alunos no nosso sistema educativo” passa por acreditar nos professores de Inglês que existem nas escolas portuguesas. Passa por garantir a língua estrangeira no currículo do 1.º ciclo em todas as escolas. Passa por apostar numa cada vez melhor formação inicial e por garantir uma formação contínua adequada aos docentes.

Mas as questões que a FENPROF tem colocado têm, sobretudo, incidido nos contornos do protocolo, na sua legalidade e no uso (e abuso) a que se têm sujeitado os professores para servirem interesses que são privados.

Questiona a FENPROF a escolha desta empresa e não de outra para este fim, (que outras há igualmente importantes): ajuste direto ou concurso público? Questiona ainda a utilização dos docentes para a distribuição de folhetos de promoção da Cambridge, bem como para fazerem a vigilância, a aplicação e a própria correção da prova. Estranho é que o MEC desconfie dos professores que existem nas escolas a ponto de ter de certificar a qualidade do seu trabalho com o recurso a esta empresa, mas os utilize para fazer o trabalho que, em protocolo, aceitou ser da sua responsabilidade. Por este caminho, não tarda, será a Cambridge a certificar a habilitação dos professores de Inglês nas escolas portugueses e não as instituições de ensino superior em que estes a adquirem.

Mas há mais dúvidas, entre outras: quanto dinheiro é pago à empresa Cambridge para certificar os alunos com a sua chancela? Que outro interesse tem esta empresa e que acesso (privilegiado?) terá aos pais (por exemplo, realizando reuniões nas escolas) para os convencer a inscrevem os seus filhos nos seus cursos? Que acesso terão as empresas envolvidas neste projeto a dados pessoais e escolares dos alunos que irão realizar o teste-exame?

Pode o conselho diretivo do IAVE dar as voltas que der, que as explicações deverão ser muito mais claras do que as que possam constar num simples comunicado. E quanto à legitimidade para as exigir, estamos conversados: a democracia tem regras e estas explicam esse direito!

Secretariado Nacional da FENPROF
17/05/2014