A Crise Mundial da Água
Parece incrível que um sexto de todas as pessoas, mais de 1.1 mil milhões, se debata diariamente sem água potável. E que 2.6 mil milhões de pessoas não tenham acesso sequer a instalações sanitárias básicas.
Estas condições de vida chocantes criam aquele que pode ser o pior problema de saúde à escala mundial. A toda a hora, uma percentagem significativa de pessoas nos países em desenvolvimento adoecem ou morrem devido a doenças com origem na água tais como a cólera, os parasitas intestinais e a febre tifóide.
As crianças estão na linha da frente desta emergência sanitária global. A diarreia, uma consequência da água insalubre e da falta de saneamento, mata mais de 4.500 crianças por dia - a segunda maior causadora da mortalidade infantil global. Milhões de outras crianças são levadas ao limiar da sobrevivência, tornando-se presas fáceis de outras doenças.
As economias em desenvolvimento também são vítimas. Não dispondo de um mínimo de 20 litros de água potável por dia - apenas dois baldes - as crianças tem poucas hipóteses de escapar à pobreza. Assim, têm de fazer face a um legado de doença, dias perdidos de escola e subdesenvolvimento. A factura da perda de produtividade nos países mais pobres ascende aos 63 mil milhões de dólares por ano.
Em acção: o Fórum Mundial das Crianças sobre a Água
O Fórum Mundial das Crianças sobre a Água (CWWF) é uma reunião pioneira de crianças sobre a água, a sobrevivência e a educação, que se realiza durante o 4º Fórum Mundial da Água na Cidade do México de 16 a 22 de Março e que pretende fazer ouvir a voz das crianças no debate mundial sobre a Água. Mais de 100 crianças de todo o mundo irão sentar-se à mesa com ministros de vários governos para discutirem sobre o que as crianças podem fazer para ajudar a resolver a crescente crise mundial da água.
O CWWF é organizado conjuntamente pela UNICEF, pelo Instituto Mexicano de Tecnologia, pelo Projecto WET e pelo Fórum da Água do Japão. A UNICEF patrocina a participação de 20 raparigas e rapazes com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos - todos eles são defensores do saneamento e da higiene, vindos de comunidades em desenvolvimento de África (Etiópia, Quénia, Malawi e Nigéria), da Ásia (Bangladesh, República Popular Democrática do Laos, Nepal e Tajiquistão) e da América Latina (Colômbia e Nicarágua). Trazem consigo histórias cheias de esperança dos países mais pobres do mundo: desde os adolescentes no Bangladesh que levam a educação para a higiene aos bairros-de-lata até aos às crianças em idade escolar no Malawi que estabelecem pontos de lavagem das mãos nas aldeias. Muitos países industrializados enviarão também participantes.
O papel das crianças é negligenciado
O CWWF realça o papel decisivo, embora negligenciado, das crianças para levar a água potável e o saneamento a mais mil milhões de pessoas em consonância com os objectivos globais. Através dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (MDGs) o mundo comprometeu-se a reduzir para metade a percentagem de pessoas que vivem sem água potável nem saneamento básico, e reduzir drasticamente a mortalidade infantil, até 2015. Alcançar estes objectivos significa colocar as necessidades das crianças em primeiro lugar - ouvir os seus pontos de vista e promover o seu envolvimento.
Em muitas comunidades pobres, as crianças são heróis sem reconhecimento na luta contra as doenças com origem na água. Através de medidas simples como ensinar a família e os amigos a lavarem as mãos, as crianças podem ajudar a reduzir até 40% os casos de diarreia nas suas vizinhanças. O melhoramento das instalações sanitárias das escolas promovido pelas crianças já ajudou a escolarizar mais raparigas. Nas comunidades pobres em todo o mundo, as crianças têm sido as primeiras a organizar instalações para lavagem de mãos, a persuadir os pais e vizinhos e construírem latrinas e a exigir aos seus governos melhores serviços. Elas precisam de ajuda imediata e urgente para continuarem a salvar vidas e a melhorar as condições de vida nas suas comunidades e escolas.
A UNICEF e a água : Há mais de 40 anos, a UNICEF tem fornecido às crianças água potável e saneamento básico, no âmbito do nosso compromisso para garantir que as crianças sobrevivam e se desenvolvam. O nosso trabalho abrange 90 países em África, na Ásia e nas Américas. Quer seja através da perfuração de poços manuais no Haiti, da instalação de latrinas para as raparigas em escolas da Etiópia, do melhoramento da qualidade da água na Índia, o fornecimento de água em camiões-cisterna para as zonas de desastre no Paquistão e na Indonésia, a UNICEF está na linha da frente de prestação destes bens essenciais às famílias. Actualmente a UNICEF é o principal fornecedor de Sais de Reidratação Oral (ORS), uma combinação simples de sais e açúcares de eficácia comprovada para reduzir drasticamente as mortes por doenças diarreicas. Em situações de emergência, a UNICEF lidera a actuação das Nações Unidas para proteger as crianças contra as doenças com origem na água - fornecendo carregamentos de água doce, reconstruindo poços e apoiando campanhas de sensibilização para a higiene.
Para mais informações, é favor contactar:
Claire Hajaj, UNICEF New York, +1 212 326 7566, chajaj@unicef.org
Madalena Grilo; Comité Português para a UNICEF, +351 21 317 7500/11, press@unicef.pt
Helena Gubernatis, Comité Português para a UNICEF, +351 21 317 7500/13, hgubernatis@unicef.pt