Na Escola Secundária Alberto Sampaio, em Braga, teve lugar uma Vigília em memória do Professor Artur José Vieira da Silva. A FENPROF fez-se representar pelo Secretário-Geral e outros membros do seu Secretariado Nacional.
O Professor Artur Silva, que padecia de doença oncológica grave, ficou sem voz, logo, impedido de exercer a sua profissão. Durante 3 anos (desde Janeiro de 2003) compareceu a sucessivas Juntas Médicas até que, em 9 de Janeiro de 2007, faleceu. Esta Vigília acontece precisamente quando se completa meio ano sobre a sua morte.
Pelo meio, ficou o indeferimento de um pedido de aposentação (Abril de 2006) com fundamento de incapacidade, por, segundo a Junta Médica, não se encontrar "absoluta e permanentemente incapaz para o exercício das suas funções.". Em Novembro último, viu indeferido o pedido de nova Junta Médica por razões de ordem meramente formal.
Esta história, revoltante, mas não inédita, só é possível num país e num tempo histórico em que os valores da solidariedade humana começam a ser postos em causa, substituídos por uma intenção, desumana, de exploração do recurso humano até ao seu limite. Os dramas pessoais são ignorados e a forma como decorrem as Juntas Médicas levam, por vezes, a questionar sobre a sua isenção política neste momento em que o Governo tenta, de diversas formas, impedir a aposentação de trabalhadores, em especial da Administração Pública.
Neste contexto, são inúmeras as situações que poderiam relatar-se que fazem destacar uma inaceitável insensibilidade da administração perante docentes em situações de extrema fragilidade. São as Juntas Médicas constituídas nas Direcções Regionais de Educação que, para além de integrarem elementos que não são médicos, têm merecido muitas queixas dos professores que a elas se submetem; foi a revogação da legislação que permitia dispensar de componente lectiva, até ano e meio, os docentes atingidos por uma doença recuperável nesse período de tempo; é a indefinição sobre a situação dos professores com declaração de incapacidade que vêem a sua situação arrastar-se há muitos meses sem saberem, exactamente, o que lhes acontecerá num futuro cada vez mais incerto.
Para a FENPROF, a presença na Vigília que decorreu em Braga teve o significado de solidariedade para com o colega que faleceu, os seus familiares, amigos e colegas; de protesto pelo visível desrespeito que hoje é nutrido por quem se encontra mais fragilizado; e de exigência de respeito por quem, tendo dado o melhor de si enquanto o conseguiu fazer, é hoje vítima do mais insano desprezo.