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FENPROF lamenta "estratégias inaceitáveis" do Ministério da Educação

27 de novembro, 2008

26.11.2008 - 21h01 Lusa

O secretário-geral da FENPROFconsiderou que o Ministério da Educação está a "adoptar estratégias inaceitáveis", como a realização de reuniões com as direcções das escolas a propósito da avaliação antes de serem negociadas as alterações ao modelo com os sindicatos. Mário Nogueira falava aos jornalistas em Viseu, onde esta noite (26/11/08) mais de 2500 professores, segundo os sindicatos, se manifestaram contra a avaliação de desempenho.

Entre as "estratégias" do Ministério da Educação "que são inaceitáveis", Mário Nogueira apontou "reuniões com órgãos de gestão e professores avaliadores, em que o projecto - cuja última versão chegou há poucas horas aos sindicatos - é já dado como sendo definitivo". "São dadas orientações, indicados prazos, é dito aos conselhos executivos que é para avançar", garantiu, considerando que "há um desrespeito completo".

"Quando o Ministério da Educação tem marcada uma reunião de negociação para sexta-feira [com os sindicatos] e já vai desenvolvendo por todo o país reuniões com os órgãos de gestão no sentido de poderem já ser tomadas medidas, convenhamos que dessa reunião não podemos ter expectativa nenhuma positiva", sublinhou. O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores considerou ainda que, na ontem à noite, foi "lançada a mentira" de que "o Conselho das Escolas teria alterado a sua posição, que era no sentido da suspensão da avaliação e agora já não".

"Isso é mentira. O Conselho das Escolas não alterou posição nenhuma. Há já diversos conselheiros que vieram tomar posição pública", disse aos jornalistas, questionando "por que é que o secretário de Estado [Jorge Pedereira] fez de porta-voz de um órgão do qual não faz parte", numa referência a declarações do secretário de Estado aos meios de comunicação social sobre uma reunião entre a tutela e aquele órgão consultivo do Governo. O secretário-geral da Fenprof garantiu que os professores estão na disposição de intensificar a luta e que "se há dois anos que lutam fora de horas e ao fim-de-semana", a partir da próxima semana entrarão "noutro tipo de luta". "Uma delas será uma greve no dia 3 de Dezembro, que vai ser um dia inesquecível", afirmou, prevendo que a grande maioria dos professores vá aderir e que "as escolas estarão encerradas".

Os professores que hoje se manifestaram em Viseu enfrentaram as baixas temperaturas do início da noite para reivindicar uma avaliação "que dignifique a profissão e sirva a educação". Ao mesmo tempo, em Lamego, no Norte do distrito de Viseu, 500 professores concentraram-se no Largo do Soldado Desconhecido, segundo Francisco Almeida, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro. Em Viseu, foram ouvidos insistentemente vários gritos de luta, como "Avaliação sim, mas esta não", "Categoria só há uma, a de professor e mais nenhuma" e "Negociação sim, imposição não".

Aos seus gritos juntaram-se os dirigentes da Federação Regional de Associações de Pais, vestidos com camisolas pretas com a inscrição "Os pais do distrito de Viseu apoiam os professores na defesa da escola pública". Os professores da região Centro estão hoje a manifestar-se em diversas cidades contra a avaliação de desempenho, no segundo dia de protestos regionais convocados pelos sindicatos. Na semana passada, o Governo aprovou alterações ao modelo de avaliação que serão negociadas com os sindicatos na próxima sexta-feira. / 26.11.2008 - 21h01 Lusa