Internacional

Estudos revelam progressos sólidos na sobrevivência infantil: pela primeira vez a mortalidade das crianças menores de cinco anos desce abaixo dos 10 milhões

19 de setembro, 2007

Nova Iorque, 13 de Setembro de 2007 -  Novos dados revelam progressos sólidos na sobrevivência infantil, incluindo um decréscimo no número anual de mortes de menores de cinco anos, segundo a UNICEF. O número global de mortes de crianças registou o seu valor mais baixo de sempre, descendo abaixo dos 10 milhões por ano até aos 9.7 milhões, relativamente aos quase 13 milhões registados em 1990. 
"Este é um momento histórico," afirmou a Directora Executiva da UNICEF, Ann M. Veneman. "Mais crianças sobrevivem hoje do que nas épocas anteriores. Agora temos de ir mais longe partindo deste sucesso de saúde pública no sentido da realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio."
De entre estes objectivos, destaca-se o compromisso para a redução em dois terços da mortalidade infantil entre 1990 e 2015, um resultado que permitiria salvar mais 5.4 milhões de crianças até 2015.
Porém, Veneman faz notar que não há lugar para complacências. "A perda de 9.7 milhões de jovens vidas por ano é inaceitável. A maior parte destas mortes é evitável e, como o demonstram os progressos recentes, as soluções foram experimentadas e testadas. Sabemos que podemos salvar as crianças quando elas têm acesso a serviços de prestação de cuidados de saúde integrados e baseados na comunidade, apoiados por um forte sistema de reencaminhamento."
Os novos números foram extraídos de um amplo leque de fontes de dados nacionais, incluindo dois conjuntos de levantamentos junto das famílias, os Multiple Indicator Cluster Surveys (MICS) e os Demographic Household Surveys (DHS). A ronda actual de MICS foi realizada em mais de 50 países em 2005-06 e, juntamente com os Demographic and Health Surveys (DHS) apoiados pela USAID, constituem a maior fonte de informação dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs) e formam a base da avaliação dos progressos na sobrevivência infantil.
As suas conclusões vêm reforçar relatos de progressos divulgados recentemente este ano acerca da mortalidade devida ao sarampo, com uma queda de 60 por cento nas mortes causadas por esta doençadesde 1999, e uma redução de 75 por cento na África subsariana. 
Nas regiões da América Latina e Caraíbas, Europa Central e de Leste e Comunidade de EstadosIndependentes (ECL/CEI), na Ásia de Leste e no Pacífico verificaram-se declínios rápidos na mortalidade de menores de cinco anos.
Um número considerável de países alcançaram progressos notáveis desde os levantamentos anteriores de 1999-2000, com Marrocos, Vietname e a República Dominicana a reduzirem as suas taxas de mortalidade de menores de cinco anos em mais de um terço. Madagáscar baixou a sua taxa em 41 por cento, ao passo que São Tomé e Príncipe viu a sua taxa diminuir em 48 por cento.
Dos 9.7 milhões de crianças que morrem por ano, 3.1 milhões são naturais do Sul da Ásia, e 4.8 milhões provêm da África subsariana. Nos países em desenvolvimento, a mortalidade infantil é consideravelmente mais elevada entre as crianças que vivem nas áreas rurais e nas famílias mais pobres. 
Nos países industrializados verificam-se apenas seis mortes por cada 1 000 nados vivos.
A região da América Latina e Caraíbas está a caminho de cumprir o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio relativo à mortalidade infantil, com uma média de 27 mortes por cada 1 000 nados vivos, comparados com os 55 por mil em 1990. 
Verificaram-se progressos significativos nalgumas regiões da África subsariana. A mortalidade dos menores de cinco anos desceu 29 por cento entre 2000 e 2004 no Malawi. Na Etiópia, Moçambique, Namíbia, Níger, Ruanda e Tanzânia as taxas de mortalidade infantil desceram mais de 20 por cento. 
As taxas de mortalidade infantil mais elevadas continuam a registar-se nos países da África Ocidental e Central. Na África Austral os ganhos obtidos a custo em matéria de sobrevivência infantil têm sido comprometidos pela propagação do VIH/SIDA. 
Grande parte destes progressos é resultado da adopção generalizada de intervenções de saúde básica, tais com o aleitamento materno de início e exclusivo, a imunização contra o sarampo, a suplementação de Vitamina A e o uso de redes mosquiteiras impregnadas de insecticida para prevenir a malária. 
"Os novos dados revelam que o progresso é possível se agirmos com renovada urgência paraincrementar as intervenções que já deram provas de êxito," afirmou Veneman. "É claramente necessário tomar medidas para actuar a favor da sobrevivência infantil em África e mais além."
Por outro lado, existe um apoio sem precedentes à saúde global, com aumento de financiamento e parcerias em expansão, nomeadamente com Governos, o sector privado, as fundações internacionais e a sociedade civil.

Contexto

Até ao final de 2007, será divulgada uma série de novas estatísticas importantes com tabelas relativas aos progressos alcançados no sentido do cumprimento dos ODMs. 
As estimativas relativas à mortalidade dos menores de cinco anos são produzidas ao nível global pela Inter-agency Group for Child Mortality Estimation, que inclui a UNICEF, a OMS, o Banco Mundial, a Divisão de População das Nações Unidas, a Universidade de Harvard e outros.