Professores “esquecidos” ou “excluídos” da vacinação (27/28 de março ou 17/18 de abril) continuam a aguardar informação sobre quando serão vacinados. Educação e Saúde sacodem responsabilidades, FENPROF exige que problema seja urgentemente resolvido.
Os professores aderiram muito bem à chamada para a vacinação o que, aliás, foi relevado por diversos governantes. Não se esperava outra coisa, pois estamos a falar de profissionais responsáveis, que conhecem os riscos de uma exposição permanente junto de toda a comunidade educativa e estão conscientes de que a sua proteção é fator importante para garantir que o ensino se mantém presencial.
No primeiro fim de semana de vacinação (27 e 28 de março) foi tornado público que todos os docentes (Pré-Escolar e 1.º Ciclo) que não tivessem sido chamados deveriam contactar as escolas para ainda serem integrados nas listas; contudo, a esmagadora maioria destes continuou sem ser chamada, tendo, então, os docentes sido informados de que seriam integrados no grupo seguinte, entretanto notificado para comparecer em 17 e 18 de abril. Só que, nesse fim de semana, para além de não ter sido resolvido o problema anterior, ainda se acumularam outros docentes, agora dos 2.º e 3.º Ciclos e do Ensino Secundário.
Contactados serviços regionais da DGEstE, Ministério da Educação (a quem a FENPROF colocou a questão diretamente em 16 de abril, relativamente aos “esquecidos” ou “excluídos” da “primeira chamada”) e autoridades de saúde, a informação passou a ser que todos esses docentes seriam chamados na semana seguinte. Uma vez mais, isso não aconteceu e os professores começaram a contactar os serviços de vacinação e, por indicação destes, as escolas; estas, por sua vez, pediam para contactar a DGEstE e esta remetia, novamente, para a saúde. Ninguém parece saber o que se passa e houve casos em que, comprovadamente, nunca houve qualquer erro na lista elaborada pela escola, os serviços regionais de vacinação, sem resposta para o problema, recomendaram o contacto com a linha SNS24, que, naturalmente, também não sabia responder ao que lhe perguntavam.
Há casos um pouco por todo o lado, como tem chegado à FENPROF, da Educação Pré-Escolar ao Ensino Básico e ao Ensino Secundário, do Minho ao Algarve, em alguns agrupamentos de escolas em número muito elevado: AE Rainha Santa Isabel (Coimbra) – 44; AE de Almeirim – 12; AE do Restelo – todos os docentes do 1.º Ciclo por vacinar; AE Lindley Cintra (Lisboa) – 27; AE de São João da Talha – 21; Secundária de Camões (Lisboa) – 13; EBS Anselmo de Andrade (Almada) – 130 (cento e trinta!); AE D. Carlos I (Lourel / Sintra) – 23; AE de Algueirão – 20; AE Afonso III (Faro) – 30, neste caso, entre docentes e assistentes operacionais… Muitos outros professores e educadores ficaram por vacinar sem, até hoje, terem sido contactados, em Braga, no Porto, em Castelo Branco, em Lisboa, no Alentejo ou no Algarve, razão por que a FENPROF vai abrir uma plataforma destinada a fazer um levantamento desta situação. A origem do problema, em alguns casos, terá sido o incorreto preenchimento de dados, mas quando isso aconteceu, as escolas, de imediato, fizeram as devidas correções, de acordo com as instruções que receberam, voltando a lançar os nomes em plataforma criada para o efeito.
O que se passa não se sabe, mas os professores estão preocupados, como é natural, ainda mais sabendo, como se confirmou, de novo, na reunião que se realizou hoje no Infarmed, que o nível etário em que se verifica um maior aumento da taxa de incidência da Covid-19 é, precisamente, no dos 10 aos 19 anos (idade escolar) e na reunião anterior (em que as aulas do secundário ainda não se tinham iniciado) era nas crianças até aos 10 anos.
A FENPROF tem ainda outras preocupações em relação ao que se está a passar. Por exemplo, num agrupamento de escolas de Faro, docentes e assistentes operacionais que tinham sido colocados em isolamento profilático pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) por terem contactado com alunos infetados, receberam ordem imediata da direção da escola para se apresentarem ao serviço presencial, alegadamente, por informação da delegação de saúde local, dizendo-lhes que deveriam ignorar a Declaração de Isolamento Profilático. Dois dias úteis depois (26 de abril) recebiam novo email do SPMS a informar que o período de isolamento profilático tinha terminado, apesar de a declaração que tinham recebido antes referir 3 de maio.
Estas são situações que não podem acontecer. Se o que se pretende é transmitir rigor neste combate à pandemia, e as escolas são espaços importantes desse processo, tudo deverá funcionar de forma transparente, competente, rigorosa e não de uma forma que denota falta de articulação e/ou entendimento entre os responsáveis da Educação e da Saúde, com cada um a empurrar responsabilidades para o outro. A FENPROF considera indispensável que esta situação seja esclarecida e que o processo de vacinação dos docentes seja concluído, sem que alguns sejam “esquecidos” ou excluídos”.
O Secretariado Nacional da FENPROF