Nacional

Escritores contestam extinção da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas

11 de novembro, 2010

Numa carta enviada a Gabriela Canavilhas, a que a agência Lusa teve acesso, os escritores afirmam-se estupefactos com “a extinção do único organismo que representava o empenhamento do Estado português, através do Ministério da Cultura, numa das áreas que melhor tem representado o nosso país na sua transformação democrática: a difusão da sua literatura”.

Afirmam os escritores que “a reintegração da gestão dos assuntos do livro e da leitura na Biblioteca Nacional de onde em devido tempo foi autonomizada, significa a desvalorização, secundarização e desprezo por todo um sector que está em mudança, que carece de elos de coordenação, confrontação com as práticas globais, protecção das obras literárias portuguesas e lusófonas, articulação com os agentes nacionais e estrangeiros que as difundem”.
Para os 15 signatários, “esta fusão vem dar uma imagem cada vez mais pobre de um mundo político que confunde gestão de meios com o extermínio cego das instituições que funcionam”.
Os escritores mostram-se ainda preocupados com “a dispersão das pessoas que conhecem o assunto, a desintegração dos saberes acumulados [e] a redução drástica de meios” que, em seu entender, “significarão um retrocesso real e efectivo e nós não nos conformamos com esta perda”.
“O protesto que fazemos é um sinal de indignação, mas também de desalento perante o rumo que está a ser dado a este sector da Cultura no nosso País, e que nenhuma crise económica, que aceitamos ser grave e obrigar a sacrifícios, justifica”, rematam os autores.
Assinam ainda a carta Ana Luísa Amaral, Almeida Faria, Gastão Cruz, Gonçalo M. Tavares, Hélder Macedo, Hélia Correia, Inês Pedrosa, Maria Velho da Costa, Mário de Carvalho, Mário Cláudio, Nuno Júdice, Pedro Tamen e Vasco Graça Moura.
Na Internet está a circular uma petição também contra a anunciada extinção da DGLB, em http://www.PetitionOnline.com/dglb/petition.html.
Na petição, que recolheu já mais de 1500 assinaturas, afirma-se que “a extinção da DGLB poderá, de facto, limitar a acção de todos aqueles -- editores, tradutores, docentes, investigadores e estudantes universitários, organizadores de festivais literários e eventos culturais -- que longe de Portugal sempre se empenharam na interminável tarefa de dar a conhecer no estrangeiro a vitalidade e a riqueza da literatura portuguesa”.
Entre as 1578 subscritores encontram-se Mari Jose Olaziregi Alustiza, do Etxepare Basque Institute, os escritores Margarida Vale de Gato, Gastão Cruz, Ondjaki, Germano de Almeida, valter hugo mãe, a Association des Traducteurs Littéraires de France, e Débora Ferreira, da Utah Valley University (EUA). / Lusa, 11/11/2010