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10.º Congresso Mundial da IE

Educadores de todo o mundo mobilizam-se para fazer crescer os seus sindicatos, valorizar as suas profissões e defender a democracia

31 de julho, 2024

Sob o lema “Fazer crescer os nossos sindicatos, elevar as nossas profissões, defender a democracia”, educadores de todo o mundo estão reunidos no 10.º Congresso Mundial da Internacional da Educação (IE) que decorre em Buenos Aires, na Argentina, entre os dias 29 de julho e 2 de agosto de 2024.

Este congresso irá reunir 1200 delegados, observadores e convidados, que representam 32 milhões de trabalhadores da Educação de todo o mundo, que irão deliberar, discutir e abordar os temas mais importantes da atualidade na área da Educação, desde a falta de professores a nível mundial à inteligência artificial, ao estatuto da profissão, financiamento da educação e os direitos sindicais.

Entre os 1200 participantes no Congresso, conta-se a representação da FENPROF, constituída pelo Secretário-geral, Mário Nogueira, a presidente do Conselho Nacional, Manuela Mendonça, e as dirigentes do Secretariado Nacional Ana Simões e Anabela Sotaia.

Eleger a liderança: Definir o rumo


O congresso também servirá para eleger os novos líderes da IE, definindo o rumo para o futuro da organização. A Presidente do Conselho Nacional e também Secretária Internacional da FENPROF, Manuela Mendonça, apresentou a candidatura para a renovação do seu mandato na Comissão Executiva da Internacional da Educação.

 

Na agenda: Crescimento, profissionalismo e democracia

A Presidente da IE Susan Hopgood explicou a importância do Congresso: “O Congresso Mundial da Internacional da Educação é o nosso órgão máximo de decisão e o nosso evento mais importante. Milhares de professores, educadores e trabalhadores de apoio à educação reúnem-se para definir estratégias e tomar decisões que orientam o trabalho da Internacional da Educação. A nossa campanha ‘Go Public! Fund Education’ e a resolução do problema da falta de professores a nível mundial estarão no centro do nosso trabalho”.

Defesa de um ensino público de qualidade: A campanha “Go Public! Fund Education”.

Uma das pedras angulares do congresso será a continuação e a expansão da campanha da IE ‘Go Public! Fund Education’, que defende o financiamento da educação pública e da profissão docente, combatendo os cortes orçamentais, a austeridade e a privatização. Os delegados irão também debater as melhores formas de implementar as 59 recomendações do Painel de Alto Nível das Nações Unidas sobre a Profissão Docente.


31 de julho de 2024

COMBATER A ESCASSEZ DE PROFESSORES”

Manuela Mendonça
FENPROF - Portugal

O tema desta resolução tem uma implicação direta nas várias vertentes do lema deste congresso: Fazer crescer os nossos sindicatos, Elevar as nossas profissões, Defender a democracia.

Primeiro, porque o previsível agravamento da escassez de professores compromete a realização do potencial de cada indivíduo mas também de um projeto coletivo de desenvolvimento, coesão e justiça social. Reverter a escassez de professores é, assim, defender a democracia.

Segundo, porque o crescente recurso a pessoas não qualificadas levará à proletarização da profissão, o que, por sua vez, levará a um menor reconhecimento social da importância do seu trabalho, e ao enfraquecimento da capacidade reivindicativa dos sindicatos. Reverter a escassez de professores é, por isso também, elevar a profissão e fortalecer os sindicatos.

Como a resolução afirma, urge aumentar o financiamento da educação e investir na profissão, melhorar o estatuto e as condições de trabalho dos professores, mas também reconhecer o papel insubstituível da relação humana no processo de ensino aprendizagem, que nenhuma tecnologia ou inteligência artificial poderá substituir.

É neste contexto que se insere a proposta que visa o reconhecimento pela UNESCO da relação professor-aluno como património da Humanidade. A relação professor-aluno é uma relação de carácter único (âncora de todo o processo formativo); uma relação de carácter transversal a todos os ciclos de estudo; uma relação de caráter universal, comum na diversidade de geografias e culturas.

O debate em torno desta candidatura poderá contribuir para afirmar o direito universal à educação num quadro de primado da pedagogia, em contracorrente com as tendências de burocratização, automatização e desumanização do ato educativo; poderá contribuir para o reconhecimento da docência como uma atividade específica e socialmente relevante; poderá contribuir para reforçar a exigência de melhores condições de exercício da profissão, tornando-a mais atrativa para os jovens.

Em articulação com a IE, o primeiro passo para esta candidatura foi dado pelos professores portugueses, indo ao encontro das iniciativas do SG da ONU, o português António Guterres, visando a valorização da profissão docente. Trata-se de um processo complexo, para o qual teremos de encontrar mais aliados, mas para cujo sucesso o contributo da IE será decisivo.

Termino: Não há educação de qualidade sem professores qualificados e reconhecidos. Reverter a situação atual é difícil, mas com esforço coletivo e decidido, tem de ser possível. Vamos a isso!


“O BEM-ESTAR E A SAÚDE MENTAL DOS DOCENTES: ELEMENTO VITAL PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE”

Anabela Sotaia
FENPROF – Portugal

A FENPROF considera esta resolução muito importante e por isso a apoia. É importante haver professores em número suficiente, é importante ter professores qualificados, mas mais importante ainda é ter professores que se sintam bem, física e emocionalmente.

A FENPROF realizou um estudo sobre o desgaste na profissão docente, em parceria com investigadores de uma universidade portuguesa. Chegamos à conclusão que a classe docente está doente. Não é um problema individual, mas sim de organização do trabalho. Concluiu-se que há uma evidente relação entre burnout e horários sobrecarregados, turmas numerosas, burocracia, falta de recursos adequados nas escolas, baixos salários, desvalorização da carreira, falta de reconhecimento do trabalho dos professores, insegurança laboral, precariedade e ausência de uma gestão democrática.

Nesse estudo verificamos que 75% dos professores apresentavam desgaste profissional, quase 50% apresentavam sinais preocupantes de desgaste profissional e 30% apresentavam sinais críticos ou extremos de desgaste profissional e emocional.

Concluiu-se, igualmente que existe uma ligação direta entre o índice de burnout e a idade dos professores. A idade, ou melhor, o envelhecimento do corpo docente em Portugal é uma dramática realidade: mais de metade dos docentes têm mais de 50 anos, sendo que cerca de 30% têm mais de 60 anos, o que significa que ¼ dos docentes se irão aposentar nos próximos anos, o que irá agravar o problema da falta de professores. Por isso, nesse estudo 84% dos docentes ansiavam pelo dia da sua aposentação.

No entanto, apesar do extremo desgaste a que estão sujeitos, os professores deste estudo não conseguiam desligar das suas responsabilidades enquanto profissionais, nomeadamente em relação aos seus alunos. E esta contradição entre estar emocionalmente exausto e tentar ser um ótimo professor ao mesmo tempo, é um fator significativo de burnout.

As conclusões do estudo são um importante instrumento para usarmos no plano reivindicativo, exigindo medidas que eliminem os fatores de desgaste na profissão e promovam o bem-estar de professores e alunos. Essas medidas passam obrigatoriamente pela valorização da profissão docente, pelo aumento dos salários, pela melhoria das condições de trabalho, pela redução do número de alunos por turma e pela redução da carga horária, entre outros.

Ou seja, medidas que garantam o bem-estar docente para uma Educação de Qualidade para Todos!

Vivam os professores de todo o mundo!

A luta continua, aqui, na Argentina, e em todo o mundo!


1 de agosto de 2024

“DEFENDER A DEMOCRACIA CONTRA O POPULISMO DE EXTREMA-DIREITA E O EXTREMISMO NA EDUCAÇÃO” 

Mário Nogueira
FENPROF - Portugal

Em primeiro lugar e em nome da FENPROF saúdo a nossa Presidente, o nosso Secretário-geral, os companheiros da CTERA, gente de luta que tão bem nos tem acolhido, assim como todos os delegados ao Congresso.

A FENPROF subscreve e apela ao Congresso que aprove esta Resolução. Unir forças para travar e derrotar o populismo e a extrema-direita é, hoje, um papel atribuído aos docentes como a UNESCO proclamou no Dia Internacional da Educação. Contudo, para sermos bem sucedidos temos de identificar e agir sobre as causas da sua ascensão. Se não o fizermos, será uma questão de tempo a sua chegada ao poder, como afirmou Le Pen.

Porque votam as pessoas em partidos que a maioria sabe não ser a solução para os problemas? Dizem-nos muitos que é para castigar quem prometeu resolver os problemas, mas não cumpriu e por isso a pobreza e a exclusão aumentam, os serviços públicos são subfinanciados, os trabalhadores não conseguem a vida que aspiram, os jovens não ganham para a habitação. Temos de unir forças para derrotar a extrema-direita, mas também para exigir dos governos do campo democrático que, acima dos ditames do FMI, do BCE ou do Banco Mundial, respeitem os direitos das pessoas e melhorem a sua vida. Esta é a nossa luta!

Viva a Democracia!

Viva a IE! A luta continua!


"DESIGUALDADES_RECUPERAÇÃO_PANDEMIA"

Ana Simões
FENPROF - Portugal

Em Portugal, durante a pandemia, os únicos alunos que estiveram nas escolas públicas foram os alunos com deficiência e sempre com o apoio de todos os profissionais necessários.

Estes alunos têm muito mais necessidades que os seus colegas, as quais ainda se mantêm após a pandemia.

Por isso, mais do que necessitarmos da tecnologia da inteligência artificial, precisamos de recursos, nomeadamente, recursos humanos (docentes, psicólogos, terapeutas, auxiliares de educação...) que são em número insuficiente para uma efetiva inclusão de toda a diversidade humana, desde a intervenção precoce até ao ensino superior.

Por esta razão, a FENPROF apoia esta resolução.

Viva a escola pública inclusiva!

A luta continua!


2 de agosto de 2024

Manuela Mendonça (FENPROF) eleita para mais um mandato na Comissão Executiva da Internacional da Educação

 

Manuela Mendonça, Secretária Internacional da FENPROF, foi eleita para um novo mandato na Comissão Executiva da Internacional da Educação, tendo obtido a melhor votação entre todas as candidaturas.

A Internacional de Educação representa mais de 32 milhões de trabalhadores da educação, unidos em prol de políticas comuns em matéria de educação e de direitos humanos e sindicais. Criada em 1993, tem vindo a afirmar-se como a voz do sector da educação, sempre que se discutem as políticas educativas à escala internacional ou regional, seja junto da UNESCO, da OIT, da OCDE, do Banco Mundial ou de quaisquer outros organismos mundiais ou regionais.

A Comissão Executiva da IE é eleita a cada 4 anos pelo Congresso e é responsável pela gestão da organização e pelo cumprimento das decisões e compromissos assumidos em cada Congresso, o órgão máximo da Internacional da Educação. A também presidente do Conselho Nacional da FENPROF, Manuela Mendonça, irá ocupar um dos lugares regionais deste importante organismo da IE.


“SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA”

Mário Nogueira
FENPROF - Portugal

Os portugueses não esquecem os 48 anos de fascismo, a repressão, a prisão e a tortura, a guerra colonial que matou portugueses e pessoas de nações irmãs que foram vítimas do colonialismo durante séculos.

Um povo que lutou contra o fascismo e dele se libertou há 50 anos com a Revolução dos Cravos é um povo intolerante com a opressão e a guerra que invade as nossas casas à hora do jantar, com o sofrimento e a morte que os noticiários já tratam com vulgaridade.

Condenamos o 7 de outubro, mas não podemos pactuar com o bárbaro genocídio do povo palestino, com a destruição de casas, escolas e hospitais, com o assassínio de jornalistas, médicos ou funcionários da ONU. Não pactuamos com este comportamento selvagem e criminoso. Não pactuamos com nenhuma guerra, seja na Palestina, na Ucrânia, em Moçambique ou em qualquer outra parte do mundo. Como não pactuamos com situações de colonialismo que se mantêm no mundo, desde logo, em África, no Sahara Ocidental.

Com a Palestina no coração e nas ações públicas de solidariedade e tendo como prioridades o cessar-fogo, a reconstrução e o reconhecimento do Estado Palestino, a FENPROF estará sempre na primeira linha da luta pela paz, pelo direito à autodeterminação dos povos e pela Palestina livre.

Viva a Palestina livre!