RDP/Antena 1
Jornalista Andreia Brito
Os professores manifestaram-se, esta tarde, em Lisboa. Primeiro encheram a Praça do Rossio, depois foram em direção a São Bento. Manifestação promovida pela FENPROF contra as políticas do governo para o ensino. Os professores estão preocupados com o posto de trabalho, mas também com a qualidade do ensino.
Ouvir notícia
Público
Jornalista Clara Viana
(...) Segundo Mário Nogueira, a revisão da estrutura curricular, a criação de mais mega-agrupamentos, o aumento do número de alunos por turma, entre outras medidas adoptadas pelo Ministério da Educação e Ciência, poderão significar o despedimento de 18 mil professores contratados. Dados do MEC dão conta de que no ano passado existiam cerca de 36 mil contratados nas escolas. Ainda segundo a Fenprof, cerca de oito mil professores do quadro irão ficar com horários zero ou seja, sem turmas para ensinar.
Na escola de Fátima Gomes e de José Rebelo estarão 23 nesta situação. Começaram ontem a ser avisados. “Uns choraram, outros ficaram a olhar parados. Foi muito difícil”, conta Fátima Gomes. José Rebelo diz que o clima das escolas é hoje “muito depressivo”, o que, e ambos concordam, terá contribuído para a fraca mobilização de hoje.
Amanhã termina o prazo que o MEC deu às escolas para indicarem os professores que ficarão com horários zero. “Foi um choque com que nos deparámos de repente. O ministro soube fazer tudo pela calada”, diz José Rebelo.
Bruno Conceição, que no ano passado se estreou a contrato na mesma escola, não tem dúvidas de que, com tantos professores do quadro com horário zero, a probabilidade de ficar no desemprego no próximo ano lectivo “é muito alta”.
T-shirt branca, letras azuis: “15 anos completos a contrato”. Fátima Martins, professora de Português e Francês em Vila Nova de Gaia, dá-se assim a conhecer, mas tem sérias dúvidas que possa acrescentar mais um ano. “É uma agonia”, diz de repente. Que só terminará em Agosto, quando souber se o seu contrato foi ou não renovado. Está há três anos com renovações na mesma escola, com horário completo. Agora a esperança é já “muito pouca”. “Tenho um filho pequeno, uma casa para pagar, e não devo conseguir um horário. Na escola antes havia quatro horários para o meu grupo, mas em princípio, no próximo ano, só haverá dois e serão para os professores do quadro”, conta.
“O futuro é negro”, corrobora Paula Martins, professora de História na zona de Lisboa, a contrato há 16 anos. Falando no Rossio, Mário Nogueira não esquece Miguel Relvas. Quem vai para a rua são pessoas “qualificadas, a quem a licenciatura não saiu na farinha Amparo”, denuncia.(...)
Jornal de Notícias
O secretário-geral da Fenprof instou esta quinta-feira os professores a não desistirem da luta em agosto, advertindo que, em setembro, poderão não ter dinheiro para comprar os livros dos filhos e a só terem ajuda do "Banco Alimentar".
Ao som do tema "Os vampiros" de Zeca Afonso, os professores concentraram-se no Rossio e estão a iniciar a marcha até S. Bento.
Entretanto, aprovaram uma moção para entregar aos deputados, com várias reivindicações, entre elas a redução do número de alunos por turma e o respeito pela autonomia escolar.
Querem também a vinculação dos professores contratados e a suspensão da revisão curricular.
"E já agora, que as licenciaturas não tenham três meses", ironizou o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira.
No documento que entregarão na Assembleia da República, lê-se que o desemprego e a instabilidade no setor do ensino e investigação têm crescido muito acima da "elevada média nacional", problema que, em setembro, sofrerá "um aumento nunca visto", criando uma situação "socialmente insustentável".
Os professores vão subir o Chiado e descer a Calçada do Combro, rumo a S.Bento.
O protesto pretende expressar a indignação dos professores com medidas que afirmam elevar o desemprego para níveis históricos.
Diário de Notícias
(...) Os professores descerraram panos negros com palavras de ordem de contestação ao Governo, atribuindo ao ministro da Educação, Nuno Crato, o cognome de "o exterminador".
Os manifestantes vão depois seguir para a Assembleia da República.
Em declarações aos jornalistas, o líder da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) admitiu já levar um protesto também "à porta do primeiro-ministro", caso não seja concedida com a urgência pretendida a reunião que várias organizações da comunidade educativa pediram na quarta-feira ao Ministério da Educação.