Nacional

Ecos na comunicação social

16 de setembro, 2011

Professores em protesto contra precariedade

JN, 16/09/2011

Uma torre de escalada a simbolizar as "dificuldades" dos professores foi uma das formas com que a Fenprof, esta sexta-feira, contestou o desemprego e precariedade dos docentes, num protesto nacional marcado também por concentrações em Évora e Faro.

No Porto, os professores escolheram a avenida dos Aliados para montar uma torre de escalada, a que alguns subiram como forma de simbolizar "as dificuldades por que passam" para manterem os seus empregos, disse o dirigente sindical João Paulo.

A organização do protesto afixou vários cartazes em diversos níveis da torre de escalada e Ândrea Moreira, 31 anos, conseguiu chegar ao penúltimo nível, onde se lia: "Não tenho perfil para leccionar num TEIP [Território Especial de Intervenção Prioritária]".

Continuar a leccionar num TEIP, dando sequência a dez anos de actividade docente, era precisamente o que pretendia, mas este ano vai ficar no desemprego, "vítima de critérios de selecção que ninguém entende".

Ricardo Santos, 30 anos, professor de educação visual, teve o mesmo azar depois de sete anos "a funcionar sempre como uma espécie de bombeiro", cobrindo vagas temporárias.

Em Évora, menos de uma dezena de sindicalistas concentrou-se, esta sexta-feira, ao final da tarde, no centro histórico da cidade para sensibilizar a população para os problemas da precariedade e do desemprego na educação, com distribuição de panfletos, em que apelaram também à participação na manifestação convocada para 1 de Outubro em Lisboa.

O presidente do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS), Joaquim Páscoa, disse à Lusa que "em toda a zona sul, assim como no resto do país, a situação de precariedade na profissão docente é bastante grande".

"Dos professores contratados, só um número muito pequeno é que terá tido renovação dos contratos e, em muitos casos, nem sequer são horários completos", criticou.

Uma situação que o sindicalista atribui "à regressão de currículos, ao aumento do número de alunos por turma e ao facto de estarem a ser colocados menos professores de apoio para alunos com necessidades educativas especiais".

Mais a sul, no Algarve, cerca de 100 pessoas juntaram-se hoje no Largo do Mercado, em frente ao Instituto do Emprego de Faro, numa concentração de protesto contra o desemprego e a precariedade convocada para coincidir com o início do ano lectivo.

Ao som de músicas de intervenção, representantes do Sindicato dos Professores da Zona Sul, da União dos Sindicatos do Algarve e da Interjovem (estrutura juvenil da central sindical CGTP) manifestaram-se contra a precariedade e o desemprego que dizem afectar os professores e contra a política actual no sector.

O local foi simbolicamente escolhido por o Algarve ter uma das mais altas taxas de desemprego do país, que irá ser engrossada com os professores que não ficaram colocadas nas escolas da região no ano lectivo que começou.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) agendou para hoje em protesto contra "desemprego, precariedade e instabilidade" entre os docentes, com iniciativas marcadas para vários pontos do país. Segundo o sindicato, este ano há mais "8 mil docentes atingidos pelo desemprego" do que no ano lectivo passado./ JN, 16/09/2011