Não há ninguém que esteja de acordo e, como há dias foi afirmado em Conferência Parlamentar, a reorganização curricular avança “porque sim” e sem qualquer suporte no plano académico ou científico, sem avaliação de que resulte a necessidade desta revisão e sem qualquer fundamento recolhido nos mais de 1600 contributos enviados ao MEC. Na Conferência Parlamentar, os Professores Joaquim Azevedo e Helena Peralta foram extremamente críticos ao processo em curso. Nessa Conferência, a FENPROF reafirmou a necessidade de suspensão desta revisão da estrutura curricular, posição que reitera hoje!
Em 2011, o grupo parlamentar do PSD exigia que o ME tornasse público quantos professores seriam despedidos devido à redução de 43 milhões de euros, decorrente da revisão curricular prevista. A ministra Isabel Alçada nunca respondeu. Hoje, exigir-se-ia que Nuno Crato e o PSD tornassem público quantos docentes vão para a rua com a sua revisão que prevê uma redução de 102 milhões de euros! Diz o povo que à mulher de César não basta ser séria, tem também de parecer… acrescentamos que, dependesse da seriedade o casamento de César, o PSD nunca seria a noiva!
Sejamos claros, há motivações ideológicas nesta revisão (voltar ao tempo do “ler – escrever – contar”), mas o que, para já, sobreleva é a questão financeira:
- A inexplicável extinção da Educação Tecnológica no 3.º ciclo, como oferta obrigatória, é para afastar milhares de docentes da profissão;
- A substituição de EVT por duas disciplinas, não é para combater a dispersão (como refere o MEC nos princípios), mas para afastar milhares de docentes da profissão;
- O fim dos desdobramentos das turmas nas ciências experimentais no 2.º Ciclo é para afastar milhares de docentes da profissão;
- O fim dos desdobramentos e uma ainda pouco clarificada alternância, no 3.º Ciclo, entre Ciências Naturais e Fisíco-Química é para afastar milhares de docentes da profissão;
- A extinção da Formação Cívica, tanto no Básico, como no Secundário (aliás, aqui ainda nem terminou o primeiro ano de aplicação) é só para afastar milhares de docentes da profissão;
- A eliminação do Estudo Acompanhado (e substituição por Apoio ao Estudo, a incluir na componente não letiva dos docentes) não tem qualquer outra intenção que não seja afastar milhares de docentes da profissão.