A situação do mercado de trabalho degradou-se num ano em que, comparativamente ao anterior, houve melhoria da situação económica, demonstrando, assim, que, para se verificar uma melhor situação é necessário um progresso económico mais significativo.
A degradação ocorre também em relação à qualidade dos empregos, não havendo criação de emprego e os que se verificaram foram quase só a prazo. A taxa de precariedade teve uma subida acentuada (de 19,5% em 2005 para 20,6% em 2006) "reforçando" a situação portuguesa como dos países com mais precariedade.
O desemprego acentuou-se em resultado da destruição de empregos e não da procura de primeiros empregos. Ou seja, ocorre por via de despedimentos e da não renovação de contratos a prazo.
O desemprego é fortemente penalizador dos jovens, cuja taxa se voltou a agravar, e continua a ser mais do dobro da global (16,3%). As mulheres continuam também a ser mais abrangidas (9% da taxa de desemprego).
É particularmente preocupante a taxa de desemprego de longa duração que representa mais de metade do total. O que mostra a dificuldade dos desempregados em se voltarem a inserir no mercado de trabalho.
A situação degrada-se num ano em que os salários estagnaram. É importante salientar que o INE divulgou que os custos do trabalho cresceram em 2006 apenas 1,9%, muito abaixo da inflação (3,1%), apesar da produtividade ter aumentado (+0,5%).
Estes dados corroboram a nossa apreciação de que há que mudar o modelo de crescimento.
CGTP-IN, 15/02/2007
Na comunicação social
O INE estima em 458,6 mil o número de desempregados no país no último trimestre de 2006, o que representa mais 9,9 por cento de desempregados do que no trimestre anterior e mais 2,5 por cento do que no trimestre homólogo de 2005, divulgou hoje o INE (Instituto Nacional de Estatística).
Nesse período, a taxa de desemprego foi de 8,2 por cento, o que representou mais 0,2 pontos percentuais do que no quarto trimestre de 2005 e mais 0,8 pontos percentuais do que no trimestre anterior (de Julho a Agosto de 2006).
Este desfasamento entre a evolução da taxa de desemprego e do número de desempregados resulta do aumento da população activa - a taxa de desemprego mede a relação entre o número de trabalhadores desempregados e o número de pessoas disponíveis para trabalhar.
Por seu lado, no período em análise, o número de empregados aumentou 0,2 por cento face ao mesmo trimestre de 2005 e desceu 0,9 por cento face ao trimestre anterior.
Em resultado dos novos dados, o INE calcula em 7,7 por cento a taxa de desemprego em 2006, o que representa mais 0,1 pontos percentuais do que em 2005.
A média da população desempregada ao longo do ano foi 427,8 mil pessoas, mais 1,3 por cento do que em 2005.
A população empregada cresceu 0,7 por cento em 2006.
Público on line, 15/02/2007