Nacional

Conferência de Imprensa pelo SIM!: "Para acabar com a injustiça, todos os votos contam"

09 de fevereiro, 2007

No âmbito das iniciativas do "Em Movimento pelo SIM!" que regista o empenho da CGTP-IN na respectiva campanha para o referendo do próximo dia 11 de Fevereiro, realizou-se na sexta-feira, 9 de Fevereiro, uma conferência de Imprensa pelo SIM!, na Avenida Fontes Pereira de Melo, junto ao Saldanha Residence, em Lisboa,  com a participação das dirigentes da CGTP-IN Graciete Cruz e Deolinda Machado, membros da Comissão Executiva, bem como outros dirigentes do Movimento. Tratou--se da última iniciativa da campanha, após um contacto com a população da parte da manhã.
No encontro com os profissionais da comunicação social, fez-se um balanço da campanha, não só das acções realizadas como também da resposta do " Movimento pelo SIM" à campanha intoxicante dos Movimentos do Não, que se acentuou nos últimos dias.


APELO FINAL

No último dia de campanha para o Referendo, apelamos a todas as mulheres e a todos os homens que no próximo domingo votem SIM, fazendo com que, deste modo, à mesma pergunta de 1998, haja uma nova e adequada resposta para combater o aborto clandestino e acabar com a criminalização injusta das mulheres.

Responder SIM, no próximo domingo, afirmará a exigência da aprovação de uma nova lei na Assembleia da República. Este é o apelo que está presente nas múltiplas acções que o Em Movimento pelo SIM tem realizado por todo o país e que culminarão com a realização de um concerto do Fórum da Maia, hoje, pelas 21h30.

Um apelo ainda a que todos e todas se empenhem na fiscalização do acto eleitoral, garantido a legalidade exigível e exigida neste acto democrático.

O EMPENHO DESTE GRUPO DE CIDADÃOS ELEITORES

Da nossa parte, contribuímos com inúmeras iniciativas para uma verdadeira campanha de esclarecimento, de serenidade e rigor. Uma campanha distintiva e dignificante. Uma campanha que se dirigiu aos jovens, aos trabalhadores, às mulheres, aos homens, aos profissionais de saúde, aos reformados, a toda a sociedade. Uma campanha que se pautou pela racionalidade da defesa do SIM: para que se altere, de uma vez por todas, uma lei que é injusta, uma lei que criminaliza as mulheres, que põe em perigo a sua saúde e a sua vida, que cria desigualdades e injustiças sociais e vota a mulher a um estatuto de menoridade social.

O Em Movimento pelo SIM congrega homens e mulheres que sempre estiveram na luta pelos direitos sexuais e reprodutivos, pela defesa e efectivação dos direitos das mulheres e pela igualdade entre mulheres e homens. Homens e mulheres que sempre, e não só agora, batalharam pela criação das condições sociais e económicas que garantam o exercício consciente da maternidade e paternidade, que sempre batalharam pelos direitos laborais das mulheres mães.

Não apenas agora. Desde sempre: a CGTP-IN, o Movimento Democrático de Mulheres, associações juvenis e milhares de homens e mulheres que sempre se bateram por esta mudança.

Defendemos sempre a alteração da lei ? a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez - na Assembleia da República. A decisão foi referendar. Entrámos nesta batalha. Está em causa uma questão de política criminal e de saúde pública.

Constituímo-nos como Grupo de Cidadãos eleitores, recolhemos assinaturas, cumprimos os nossos deveres legais, assumimos a nossa responsabilidade. Porém, nem sempre nos foram assegurados os nossos direitos, designadamente dando-nos voz, numa campanha que deveria ter sido plural e em igualdade de oportunidades entre todos.

Hoje, perguntam-nos ? e é isto que nos perguntam -  se concordamos com a alteração da lei que penaliza as mulheres que interrompam a gravidez nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado. A nossa resposta é: SIM!

Queremos alterar a lei. Manter a actual situação é manter o aborto clandestino, a criminalização da mulher e o problema de saúde pública.

Estivemos diariamente na rua, junto das populações, a explicar a razão do voto no SIM. Ao longo destas semanas, assistimos, paralelamente, a manifestações de absoluta intoxicação, obscurantismo e manipulação por parte dos movimentos do ?Não?.

 DERROTAR O OBSCURANTISMO E A INTOLERÂNCIA

Sem pejo ou vergonha, foram movimentos do ?Não? que introduziram cartas e propaganda em mochilas de crianças, dos 3 meses aos 6 anos, utilizando-as como arautos dessa campanha.

Sem pejo ou vergonha, foram esses movimentos que espalharam imagens chocantes por todo o País e distribuíram dvds com essas imagens e bonecos à porta de escolas secundárias.

Sem pejo ou vergonha, foram esses movimentos que propalaram a mensagem da irracionalidade, futilidade, incapacidade e leviandade das mulheres portuguesas. Culpabilizaram e continuarão a culpabilizar quem decide, em consciência, interromper uma gravidez que não pode levar por diante.

Sem pejo ou vergonha, confundiram e introduziram questões que nada têm a ver com este Referendo.

Sem pejo ou vergonha, movimentos do ?Não? servindo-se das legítimas convicções religiosas de homens e mulheres, procuraram confundir e manipular consciências e sentimentos e impor um sentido de voto baseado no medo e na ocultação daquilo que verdadeiramente está em causa. E o que está em causa não é uma questão de consciência. É uma questão de política criminal e de saúde pública. A consciência é das mulheres quando tomam a sua decisão.

É este o ?Não?. Desenganem-se, não há outro. Este é o mesmo ?Não?: que ganhou o Referendo de 1998 e nada fez em mais de oito anos; o que criou obstáculos ao desenvolvimento da educação sexual e ao reforço do planeamento familiar; o que continua a criminalizar e julgar as mulheres; o que, na prática, quer manter o aborto clandestino e o negócio sórdido que vive e lucra com a ameaça para a saúde e a vida das mulheres.

É este o Não que, objectivamente, quer que tudo continue na mesma.

NO PRÓXIMO DOMINGO VAMOS TODAS E TODOS VOTAR SIM

À mesma pergunta de 1998, é preciso dar outra resposta. É preciso votar SIM.

À mesma pergunta de 1998, para que acabe a humilhação das mulheres e o problema de saúde pública, é preciso votar SIM.

Para acabar com a injustiça, todos os votos contam.

Em defesa da saúde e da dignidade das mulheres, no próximo domingo, que ninguém fique em casa. Para mudar a lei, para mudar a realidade: é preciso votar SIM.