Inicia-se hoje, 2 de junho, a terceira semana de aplicação das Provas ModA, mantendo-se os problemas já identificados desde o seu arranque. A sobrecarga de trabalho dos docentes, a anulação de aulas e atividades não letivas, a falta de equidade na aplicação das provas, incluindo irregularidades nos tempos de realização, bem como os problemas técnicos com equipamentos e redes informáticas, continuam a marcar negativamente este processo.
Na segunda semana, tendo os maiores constrangimentos incidido sobre as provas orais de Inglês no 1.º Ciclo do Ensino Básico, destacam-se os seguintes aspetos:
- A suspensão das aulas de Inglês do 1.º CEB, e de algumas noutros ciclos, durante três semanas, devido ao destacamento dos docentes para a aplicação das provas;
- A avaliação de conteúdos ainda não lecionados, uma vez que o ano letivo do 1.º ciclo decorre até ao final de junho;
- Um processo moroso e excessivamente burocratizado de entrada e saída de alunos e uso de credenciais, nunca ensaiado antes, que provocou ansiedade nas crianças;
- A inclusão de componentes na prova 45 que colidem com as práticas pedagógicas recomendadas para alunos Young Learners (nível A1);
- A aplicação indiferenciada a alunos com necessidades específicas, ignorando por completo os apoios ou adaptações que deveriam estar previstos;
- E ainda uma situação particularmente grave: muitos alunos estão a ser sujeitos a estas provas sem nunca terem tido aulas regulares de Inglês, devido à crónica falta de professores nesta disciplina ao longo do ano letivo.
Esta realidade torna evidente a falta de justiça e de sentido pedagógico na aplicação das Provas ModA. Como é possível submeter crianças a uma prova de avaliação de Inglês quando, em muitos casos, não tiveram um professor da disciplina durante grande parte do ano?!
O impacto desta prova é cada vez mais visível: escolas desorganizadas, horários comprometidos, professores sobrecarregados e alunos expostos a situações injustas e desadequadas à sua idade. Perante este cenário, cresce, um pouco por todo o país, o número de docentes que aderem à greve às tarefas associadas às Provas ModA, com destaque para a Grande Lisboa — nomeadamente nos concelhos de Sintra, Oeiras, Amadora e Lisboa.
Perante a evidente perturbação do funcionamento das escolas, a ausência de equidade na avaliação, a injustiça para com os alunos e a falta de credibilidade dos resultados obtidos, coloca-se a questão central:
Porque insiste o MECI em manter estas provas, aplicadas a todos, a qualquer custo?
Tudo indica que estamos perante exames encapotados, cuja verdadeira finalidade será gerar dados estatísticos para alimentar rankings e não promover a melhoria das aprendizagens.
A FENPROF manterá a greve às tarefas relacionadas com estas provas, enquanto se mantiver esta imposição injusta e pedagogicamente desastrosa e os professores e as escolas continuarem a suportar as consequências de decisões erradas e da teimosia da tutela.
Lisboa, 2 de junho de 2025
O Secretariado Nacional da FENPROF