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Ver cartaz da campanha "1º CEB: caminhos para a sua valorização"
A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) iniciou na passada terça-feira, na Escola Básica de Matosinhos, a campanha nacional “1º CEB: caminhos para a sua valorização”, uma iniciativa que pretende chamar a atenção para os problemas que se vivem no Primeiro Ciclo do Ensino Básico, dando voz à comunidade educativa. No arranque da campanha, o tema em destaque foi a constituição de turmas e a integração de alunos com necessidades educativas especiais.
“É preciso dignificar e respeitar a criança e dignificar e respeitar o professor. Esta campanha visa exatamente esses objetivos. Os colegas do Sindicato dos Professores do Norte tiveram a feliz ideia de vir para uma escola que não é muito habitual encontrar neste país, porque tem caraterísticas completamente diferentes da esmagadora maioria: tem muitos anos de escolaridade e recebe alunos de todos os estratos sociais. É uma escola pública que nós defendemos. Nós defendemos a integração e a escola pública precisa de condições para dar resposta a todos”, referiu Manuel Micaelo, coordenador do Departamento do 1º Ciclo da FENPROF, sublinhando a necessidade de um debate sobre este nível de ensino e os problemas das crianças que o frequentam.
O dirigente da FENPROF acrescentou que a ideia é dar voz aos que sabem o que se passa no setor. “Quem sabe o que se passa nas escolas são os auxiliares, são os professores, são os coordenadores de departamento, são os vereadores da Educação, são os autarcas em geral. E precisamos da opinião de todos para levar isto à sociedade. A escola precisa da sociedade, mas a sociedade também precisa da escola.”
Curar a doença
Nos últimos anos, foram encerradas mais de cinco mil escolas do 1º Ciclo, assistiu-se ao regresso das turmas com diversos anos de escolaridade, ao aumento do número de alunos por turma e do número de alunos com necessidades educativas especiais (que deveriam estar integrados em turmas de menor dimensão), à falta de apoios às crianças, à desregulação dos horários de trabalho, quer dos professores, quer dos próprios alunos, entre outros problemas.
Nas palavras do Secretário Geral da FENPROF, há uma incoerência na forma como o 1º Ciclo se organiza. “Muitas vezes, parece que essa organização depende menos daquilo que é a exigência pedagógica de responder aos alunos e mais das disponibilidades financeiras ou dos recursos”, o que significa que há cada vez mais diferenças entre as escolas.
“É importante registar que, concluída a governação do anterior Executivo, com o ministro Nuno Crato, o insucesso escolar no Ensino Básico voltou a aumentar, o que não se verificava nos últimos anos”, referiu Mário Nogueira. “Nós queremos inverter isso e pensámos que hoje há condições políticas para tal.”
A FENPROFtem estado em conversações com o Ministério da Educação, sobre esta e outras matérias. E de acordo com Mário Nogueira tem havido “compreensão”. “O que fica do diálogo que temos estabelecido é que há conhecimento das situações. Portanto, o que esperamos agora é que haja condições para resolver os problemas. Se o diagnóstico está feito, vamos então curar o doente. E isso significa tomar medidas”. / Maria João Leite /A Pagina da Educação
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Peça anterior:
A próxima iniciativa no âmbito desta campanha vai decorrer em Coimbra, no dia 11 de fevereiro. Em foco vai estar a gestão e a representação do 1º Ciclo na direção dos agrupamentos.
Para travar e alterar o rumo de degradação que tem afetado o 1º Ciclo do Ensino Básico, a FENPROF apresentou a campanha nacional "1º CEB: caminhos para asua valorização", que será "um grito de protesto e exigência", contra o "massacre" sofrido particularmente na última década. A primeira iniciativa decorreu esta manhã em Matosinhos. Em foco esteve a constituição de turmas/alunos com necessidades educativas especiais.
O encontro com os jornalistas, em que foi anunciada a campanha, teve lugar há dias na EB1 Mestre Arnaldo Louro de Almeida, na Praça Nuno Gonçalves, em Lisboa. Estiveram presentes professores do agrupamento e dirigentes da FENPROF, entre os quais o Secretário Geral, Mário Nogueira, o Coordenador Nacional do Departamento do 1.º Ciclo do Ensino Básico, Manuel Micaelo; Dulce Carvalho (SPGL) e Celeste Duarte (SPRC).
Mário Nogueira fez um balanço da situação que se vive hoje no setor e Manuel Micaelo ("é mesmo urgente respeitar a criança e dignificar os professores") deu pormenores da campanha, que terá como momentos destacados as sessões previstas para Matosinhos (3/02/2016), Coimbra (11/02), Sintra (18/02), Região Autónoma da Madeira (19 e 20/02), Évora (23/02) e Região Autónoma dos Açores (1/03).
O 1.º Ciclo do Ensino Básico, primeira etapa do ensino obrigatório, é essencial no percurso escolar dos alunos. É nele que estes adquirem conhecimentos, desenvolvem capacidades e constroem competências básicas que se manifestarão fundamentais no futuro de cada um, como assinala a FENPROF.
Apesar disso, como sublinhou Mário Nogueira, os governos, em particular o último, desinvestiram completamente neste setor de ensino que hoje vive problemas gravíssimos de organização pedagógica e de capacidade de resposta face às crescentes solicitações com que se confronta.
5 000 escolas encerradas
Os últimos anos foram marcados...
- pelo encerramento de mais de 5 000 escolas do 1º CEB
- pelo retorno das turmas com diversos anos de escolaridade
- pela perda de apoios necessários a milhares de crianças
- por uma organização pedagógica desregulada
- por horários de trabalho (de professores e alunos) desfeitos pela gula economicista do governo anterior
- por um regime de coadjuvação que não o é nem deixa de ser
- pelos mega-agrupamentos que tudo esmagam e por um desrespeito enorme do poder político e de muitos dos chamados superiores hierárquicos em relação aos docentes deste setor.
Não surpreende, pois, que cresçam os gritos de revolta dos professores e a FENPROF quer ampliá-los para que os problemas deixem de ser ignorados e passem a ser resolvidos.
Chamar a atenção
para o que se passa no 1.º Ciclo
Hoje - havendo uma equipa ministerial na Educação que tem demonstrado sensibilidade pelos problemas e resolvido alguns - mais se justifica ainda que se denunciem os problemas do 1.º Ciclo, que têm vindo a agravar-se, num cenário profundamente marcado por sucessivos cortes orçamentais.
É tempo de chamar a atenção para o que se passa no 1.º Ciclo e se lute pela sua resolução. Não apenas em nome dos professores, mas, essencialmente das crianças que são vítimas de políticas que as desrespeitam.
É com esse objetivo que a FENPROF avança com a Campanha Nacional “pela valorização do 1.º Ciclo” - "quase uma campanha SOS" - , que, ao longo de um mês, percorrerá todo o país.
Professores, pais e outros atores educativos darão voz à denúncia e a FENPROF apresentará propostas concretas visando uma profunda alteração da situação negativa que se vive. No fim será elaborado um dossiê.
Declarações do Secretário Geral da FENPROF
Organização do ensino básico: é tempo de iniciar amplo debate
A qualidade do ensino e o papel das equipas educativas
Em perspetiva um dossiê que será entregue ao ME e aos deputados
Da monodocência pura e dura a turmas com 4 e mais professores...
Problemas do 1º CEB em foco na reunião no ME na próxima segunda-feira