Taxa de mortalidade elevada, baixos níveis de matrícula escolar e falta de protecção social repercutem-se negativamente no desenvolvimento do país
21 de Março de 2006 - Na véspera da abertura oficial do novo ano escolar no Afeganistão, a Directora Executiva Adjunta da UNICEF, Rima Salah, chamou a atenção para os perigos que as mulheres e crianças afegãs continuam a ter que enfrentar - elevadas taxas de mortalidade materna e infantil, baixos níveis de matrícula escolar e negligência dos direitos fundamentais das crianças.
No início de uma visita de uma semana ao Afeganistão, Rima Salah manifestou a preocupação da UNICEF relativamente às condições de saúde, educação e protecção das crianças e das mulheres: estima-se que morrem diariamente no Afeganistão 600 crianças menores de cinco anos, maioritariamente devido a doenças evitáveis, e perto de 50 mulheres devido a complicações associadas à gravidez e ao parto; que menos de metade das raparigas em idade escolar frequentam o ensino e um quarto das crianças da mesma faixa etária realizam algum tipo de trabalho; e que um terço das mulheres casam antes dos 18 anos.
"As escolas afegãs abrem amanhã as suas portas para acolher o maior número de crianças de sempre, porém pelo menos uma em cada duas raparigas que deveriam estar nas aulas vão continuar em casa," afirmou Rima Salah. "Uma em cada cinco crianças deste país não chega a atingir a idade escolar, outras abandonam a escola para ajudar as famílias. Esta situação terrível põe em risco os progressos conseguidos nos últimos anos."
A Directora Adjunta da UNICEF reconheceu que a recente vaga de incidentes contra escolas em algumas zonas do país compromete o desenvolvimento. "Os ataques dirigidos ao ensino são ataques contra os direitos mais elementares de todo o povo afegão," afirmou. "Apelamos às autoridades e às comunidades para que juntem esforços no sentido de proporcionarem os meios necessários para que as crianças tenham a possibilidade de frequentar a escola."
Rima Salah apela também à comunidade internacional para que dê mais apoio a programas de desenvolvimento para as mulheres e as crianças. Saudando o governo por incluir metas específicas relativas à saúde materno-infantil e à educação no seu recente programa para a reconstrução do país (Afeghanistan Compact), pede aos doadores que disponibilizem os recursos necessários para que estes objectivos sejam atingidos.
"Se a comunidade internacional não aumentar os investimentos em sectores-chave como a saúde, a educação e a protecção das crianças, o desenvolvimento continuará comprometido," referiu aquela responsável da UNICEF. "Os esforços para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio serão deitados por terra se as crianças afegãs não tiverem acesso a cuidados de saúde, a uma educação básica de qualidade e não tiverem a protecção necessária contra abusos e exploração. Trata-se de direitos inalienáveis que temos o dever de garantir."
Rima Salah pediu ainda aos representantes do governo que melhorem a cobertura de serviços sociais nas províncias do país a fim de reduzir as disparidades existentes entre comunidades urbanas e rurais.
"Foram muitos os progressos realizados nos últimos anos, com a criação de novas instituições e adopção de políticas mais consistentes para as mulheres e crianças, mas o crescimento a longo prazo não será possível se não cumprirmos o nosso dever de salvaguarda da saúde, educação e protecção, afirmou a senhora Salah. "As crianças que amanhã entrarão para a escola, e sobretudo as que vão continuar em casa, não esperam outra coisa."
Para mais informações, é favor contactar:
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