Nacional
Não pode decorrer normalmente um ano lectivo em que o desemprego docente aumentou de forma drástica

Abertura do ano lectivo: uma leitura do Sindicato dos Professores do Norte

23 de setembro, 2007

A Direcção do Sindicato dos Professores do Norte, reuniu no dia 18 de Setembro, para, entre outras matérias, proceder a uma análise das condições de abertura do presente ano lectivo.

Ao discurso oficial da normalidade, e até da inovação (show off da venda de computadores), com que abriu e irá decorrer este ano lectivo contrapõe o SPN uma visão de preocupação, centrada essencialmente nas condições que se deparam ao desempenho profissional docente e às condições concretas de trabalho nas escolas.

Não pode decorrer com normalidade um ano lectivo em que a classe docente se viu desviada de uma identidade profissional autónoma, reflexiva, crítica e responsável e empurrada para um enquadramento de controlo obsessivo, de sobrecarga de tarefas, de cerco e asfixia profissional, de divisão e hierarquização do seu estatuto profissional, de desvalorização social e de culpabilização por todos os erros do nosso sistema educativo.

Não pode decorrer normalmente um ano lectivo em que o desemprego docente aumentou drasticamente e o pessoal auxiliar da acção educativa está ainda por ser colocado, em muitos casos, e sujeito a uma precariedade de trabalho em que a única certeza é a incerteza quanto ao seu futuro; em que os concursos de professores parecem desenrolar-se sem "lei nem roque", ao sabor de todo o tipo de discricionariedades , de leis que existem e não se cumprem, substituídas pela ordem de momento, telefónica ou outra (...)

Perante este quadro, sucintamente enunciado, mas que está longe de esgotar todos os factores de descontentamento, e revolta, de uma classe profissional nunca tão injustiçada como agora, a conclusão resultante da discussão realizada pela Direcção do SPN é que aos professores não resta outro caminho senão o da indignação, da resistência e da luta, até que vejam a importância desta classe profissional reconhecida, valorizada e respeitada, com o apreço que merece em todo o mundo civilizado.
Daí que se tenha concluído, naturalmente, que os próximos dias 5 de Outubro e 18 do mesmo mês, se deverão traduzir em momentos de afirmação plena e inequívoca da sua determinação em contribuírem para um amanhã mais risonho da educação em Portugal e da valorização de todos os que contribuem para isso, incluindo, naturalmente, os professores.

A Direcção do SPN