Nacional
Companha Nacional de Bailado/Teatro Camões

"A Sagração da Primavera": estreia em Lisboa

12 de outubro, 2010

O Teatro Nacional de Camões, em Lisboa, estreia "A Sagração da Primavera".

Todos os pormenores aqui


A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA

LE SACRE DU PRINTEMPS

(em homenagem aos BALLETS RUSSES)

Nas comemorações do centenário dos Ballets Russes de Sergei Diaghilev, que em 20 anos de existência marcaram um traço indelével na história da dança, a Companhia Nacional de Bailado apresenta no Teatro Camões um programa com três coreografias, de referência e homenagem àquela Companhia: As Bodas na versão original de Bronislava Nijinska, Fauno de Vasco Wellenkamp, a partir do tema que inspirou Nijinski para a sua criação de Prélude à l'après-midi d'un faune e, em estreia absoluta em Lisboa, A Sagração da Primavera do coreógrafo espanhol Cayetano Soto.



AS BODAS
Coreografia Bronislava Nijinska
Música Igor Stravinski
FAUNO
Coreografia Vasco Wellenkamp
Música Claude Debussy (L’Après midi d’un Faune)
A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA
estreia em Lisboa
Coreografia Cayetano Soto
Música Igor Stravinski


AS BODAS
Coreografia Bronislava Nijinska
Canto, Música e Argumento Igor Stravinski
Cenários e Figurinos Natalia Gontcharova (sketches John Gilkerson)

Estreia absoluta Paris, Teatro da Gaîté Lyrique, 13 Junho 1923
Estreia na CNB, Lisboa, Centro Cultural de Belém, 22 Junho 1994

(…) Combinando o talento de três importantes artistas, Igor Stravinski para a composição musical, Nijinska e Goncharova para o décor, Diaghilev fundiu as várias artes para criar um trabalho que resultou num invulgar afastamento estilístico de produções anteriores. Reconhece-se que tal facto se deveu em grande parte à concepção pessoal de Nijinska, dado que foi ela quem, desde o início, concebeu uma produção austera e essencialmente funcional. Tratava-se seguramente de uma ideia pouco convencional para um tema que se adaptava mais do que nenhum, a uma imagem inerente à arte popular.

A descrição, em quatro cenas, de um casamento campesino da Rússia, foi visualizada por Nijinska, não como Goncharova o concebia, com arrojados padrões e vívidas cores, mas como uma produção austera e simplificada, com ênfase distintamente na dança. (…) Nijinska utilizou movimentos de folclore e estilizou-os de um modo moderno e mecânico, enquanto Stravinski obteve a partitura e o libreto da literatura popular russa, em particular da colecção de canções populares compiladas por Pavel Kireyevsky, e Goncharova realçou o ponto de partida dos seus colaboradores criando figurinos inspirados no vestuário dos camponeses russos.

A receptividade do público ao bailado As Bodas foi manifestamente entusiástica, e recebidos grandes elogios, associando-se-lhe a ideia de uma sofisticada fusão do primitivismo e mecanização, do campestre e do civilizado.

Universidade de Glasgow - Instituto Tecnológico para as Humanidades e Informação

FAUNO
Coreografia, Cenário e Figurinos Vasco Wellenkamp
Música Claude Debussy (L’Après midi d’un Faune) Desenho de Luz Vítor José e Vasco Wellenkamp Multimédia Marco Arantes
Estreia absoluta, Teatro Camões, 28 Maio 2009, Companhia Nacional de Bailado

A CNB, associando-se ao movimento internacional que comemora os 100 anos da criação da Companhia Ballets Russes de Diaguilev, apresenta este programa, que lhe é dedicado. Foi a pensar nesse programa que resolvi rever coreograficamente O Prelúdio à Sesta de um Fauno que coreografei no extinto Ballet Gulbenkian, em 1990 e, na Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, em 2001.

Nesta última versão, intitulada Fauno, inspirei-me na dualidade meio homem meio animal dessa figura mítica.
No sonho erótico do animal demoníaco procurei retratar a sua avidez sensual e, na imprecisão da sua humanidade, alcançar a beleza e os sinais irreprimíveis das emoções humanas.

Este é, no entanto, um Fauno substancialmente diferente dos que coreografei anteriormente na exacta medida em que as circunstâncias, os intérpretes e a maturidade, que entretanto adquiri, fizeram de mim um coreógrafo igualmente diferente. Dito isto, quero deixar claro que não renego as versões que fiz no passado, muito pelo contrário, mas que o impulso criativo que hoje me motiva corresponde a outro tempo.

Vasco Wellenkamp


A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA
estreia em Lisboa


Coreografia Cayetano Soto
Música Igor Stravinski
Dramaturgia Nadja Kadel
Figurinos e Desenho de Luz Cayetano Soto

Estreia absoluta, Teatro Municipal de Faro, 28 Maio 2010, Companhia Nacional de Bailado

"Após o historial de um século de apresentações da Sagração da Primavera, e de incontáveis interpretações coreográficas do sacrifício humano pagão, após um dos maiores escândalos nas artes do espectáculo do século XX, e das inúmeras tentativas de reconstituição da coreografia original, Cayetano Soto pretende reinterpretar a composição de Stravinsky integrando o tema do sacrifício humano. Torna-se hoje demasiado evidente que não é possível manter o fantasma da depuração social através do sacrifício de um bode expiatório. A florescente etnologia que emergiu durante a época colonial, no início do séc. XX, projectou estes mecanismos depurativos para sociedades arcaicas, ultrapassando deste modo o facto de que a realidade num mundo laico actual é muito mais complexa. Aos olhos de Soto a sociedade desintegra-se e divide-se em grupos rivais que, de facto, seleccionam inúmeras vítimas, mas que já não se apercebem do efeito redentor destes sacrifícios."

Nadja Kadel