Se dúvidas existissem, elas desfaziam-se agora: o Governo de Sócrates pretende continuar a guerra que, na anterior Legislatura, o Governo de Sócrates moveu contra os trabalhadores da Administração Pública - onde se conta a esmagadora maioria dos professores - fazendo-os pagar grande parte da crise com os seus salários e pensões.
O congelamento dos salários e o agravamento das condições de aposentação, quer para o regime de pensão (cada vez menos) completo, quer para o antecipado, em 2010, confirmam que nada de significativo mudou depois das legislativas nas políticas do Governo e do PS, como se infere da análise do economista Eugénio Rosa a este propósito.
No entanto, houve mudanças em relação a estas políticas: o posicionamento dos partidos à direita do PS. Na verdade, PSD e CDS não podem continuar a fingir que a elas se opõem, pois são eles que, perante a minoria de deputados do partido afecto ao governo, lhe dão o indispensável aval. Não podem agora fingir que são oposição às políticas anti-sociais, pois o seu voto, desta vez, contaria para as derrotar. Por esse motivo, agora já não votam contra, abstêm-se, permitindo a aprovação de medidas que também seriam suas.
É lamentável esta convergência anti-social e anti-Administração Pública...um sector que está presente na vida toda dos portugueses: quando nascem, quando são registados, quando estão na escola, quando adoecem, quando adquirem bens, quando se casam ou divorciam, até quando morrem... uma Administração Pública que está ao serviço dos cidadãos mas que os cidadãos-políticos parecem ignorar, esquecer, desprezar... Não se compreende, nem se aceita esta sanha feroz contra tais trabalhadores que servem o país.
Ou melhor, talvez se compreenda...a direita e as políticas neoliberais que desenvolve não se dão bem com a Administração Pública porque não se dão bem com o Estado, excepto quando dele querem retirar benesses e exigir regalias e privilégios. Porém, com Estado-social, ao serviço dos cidadãos, é que nunca! Os serviços que ainda são públicos, na sua óptica, deverão ser prestados pelos donos do dinheiro para que de mais dinheiro se apoderem...
Portanto, ao darem o seu aval a estas propostas do Governo e do PS, nem PSD nem CDS estão enganados...enganados terão sido aqueles portugueses que, mais uma vez, acreditaram no discurso pré-eleitoral do PS que jurou ter aprendido a lição e que, desta vez, daria mais atenção às políticas sociais e ao diálogo social...não é assim e, como se nota, nem necessita de maioria absoluta para que assim seja.
O que nós não podemos deixar é que estas coisas aconteçam impunemente, daí que na próxima sexta-feira, dia 5 de Fevereiro, seja necessário que os professores se juntem aos restantes trabalhadores da Administração Pública e protestem. Protestem, marcando forte presença na Manifestação Nacional que, em Lisboa, contestará estas políticas e exigirá as mudanças que o país precisa e os trabalhadores merecem. A FENPROF estará presente!