Questão de fundo, para o futuro imediato, é a opção recente do governo português pelo modelo dual alemão.
"O que se pretende é aquilo a que se chama de elitização do ensino, contrária à sua democratização", destacou o Secretário Geral da FENPROF na conferência de imprensa de 24 de novembro, em Lisboa.
Trata-se, alertou o dirigente sindical, de "um ensino profissional pobre, destinado aos pobres e aos que têm necessidades educativas especiais... Não aceitamos. É a perversão completa da Escola Pública. E este vai ser o grande desafio da FENPROF para o futuro próximio: a defesa da Escola Pública", garantiu.
Recentemente, em entrevista exclusiva à página eletrónica da FENPROF, Mário Nogueira já tinha referido que "o modelo alemão é um modelo discriminatório", acrescentando:
"Decide a vida dos jovens precocemente, ao atirá-los para vias desvalorizadas e de segundo nível logo que saem do designado ensino primário. E dificilmente daí sairão. São quase nulos os exemplos de alunos que conseguiram passar das vias profissionais para as gerais e chegar ao ensino superior. De acordo com os académicos, pedagogos e sindicalistas alemães, o sistema educativo do seu país é responsável pelo grave problema de iliteracia que atinge cerca de 7,5 milhões de jovens alemães. Este é um projeto que Crato vem anunciando desde que começou a falar em “aposta” nas vias profissionalizantes e vocacionais, para aí desviando cerca de metade dos alunos portugueses, tendo em conta, por exemplo, as suas dificuldades de aprendizagem ou as repetências. É uma forma de embaratecer o sistema e de, desde cedo, separar as elites sociais do comum dos trabalhadores." / JPO