A nossa democracia veste-se com as cores de Abril. Diversas, alegres e garridas, deixando para trás tempos a preto e branco em que as relações entre patrões e trabalhadores eram puro fingimento. Os sindicatos corporativos de então limitavam-se a subscrever o que lhes apresentavam e, na Função Pública, nem isso acontecia porque os sindicatos eram proibidos.
Os professores sabem como eram esses tempos de “comer e calar”. Os Grupos de Estudo, organização criada em 1970, foi ilegalizada (felizmente, dois meses depois as ruas encheram-se de cravos) porque os seus dirigentes ousaram pisar terrenos proibidos, promovendo ações em defesa da valorização da sua profissão.
50 anos depois não é possível ilegalizar organizações, mas há formas de as discriminar por não acompanharem a vontade do patrão, no caso o governo. A FNAM foi vítima da ousadia de não assinar um protocolo negocial do qual discordava, sendo excluída da negociação, e a FENPROF foi ameaçada. O denominador comum nestes processos é a secretária de estado da AP que insinuou que a FENPROF poderia ficar de fora das negociações, o que não pode merecer mais do que um voto de repúdio. Por mais garrida que se pretenda pintar a cena, ela não vai além do preto e branco.